Terremoto atinge o Japão
Algumas casas em Sendai, atingidas por tsunami ocorrido após terremoto no Japão, pegam fogo (Kyodo News/AP)
Tremor gera tsunami no Japão e 300 pessoas morrem em cidade costeira
Um forte tsunami, gerado por um terremoto de magnitude 8,9, matou ao menos 300 pessoas em Sendai, na costa nordeste do Japão, a cidade mais atingida pelo tremor. O terremoto ocorreu às 14h46 da hora local (2h46 em Brasília) e teve seu epicentro no Oceano Pacífico, a 130 quilômetros da península de Ojika, e a uma profundidade de 24,4 quilômetros, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês). As fortes ondas varreram barcos, carros e casas, gerando ainda incêndios em diversas áreas. Alertas de tsunami foram emitidos para todo o oceano Pacífico, incluindo países da América do Sul e Central, Canadá, Alasca e toda a costa oeste dos Estados Unidos.
O tremor é considerado o pior a atingir o país desde que começaram a ser feitos registros, no final do século 19, segundo o USGS. Cidades e vilarejos ao longo dos 2.100 quilômetros da costa leste do país foram afetadas por violentos tremores que atingiram até a capital, Tóquio, localizada a 373 quilômetros de distância do epicentro. A polícia informou oficialmente 60 mortos e 56 pessoas desaparecidas. Mas o número de vítimas tende a aumentar devido à dimensão do desastre e aos corpos descobertos em Sendai. "O terremoto causou grandes danos a vastas áreas no norte do Japão", afirmou o premiê Naoto Kan em uma entrevista coletiva.
Ondas de água lamacentas varreram a cidade de Sendai, atingindo edifícios, alguns em chamas, enquanto carros tentavam fugir. O aeroporto de Sendai foi inundado com carros, caminhões, ônibus e muita lama ficou depositada nas estradas da localidade. "Nossa avaliação inicial indica que já há danos enormes. Nós faremos o máximo de esforço de assistência", afirmou o porta-voz do governo, Yukio Edano. Segundo ele, o Ministério da Defesa está enviando tropas para a região atingida. Um avião e diversos helicópteros já estão a caminho.
Um grande incêndio atingiu a refinaria de petróleo Cosmo, na província de Chiba (perto de Tóquio). Bombeiros tinham dificuldades para lidar com as chamas, que chegaram a 30 metros de altura. Apenas na cidade de Ofunato, mais de 300 casas foram levadas pela força das águas. O tremor também paralisou em todo o país os serviços do "shinkansen", o trem-bala japonês.
O principal aeroporto de Tóquio foi fechado, e passageiros foram retirados do aeroporto de Narita. Já uma grande parte do aeroporto de Ibaraki, 80 quilômetros a nordeste da capital, desmoronou - a construção tem apenas um ano. Relatos também indicam que a comunicação por celular foi cortada.
Dezenas de incêndios foram relatados em Fukushima, Sendai, Iwate e Ibaraki. Desmoronamento de casas e deslizamentos de terra também foram relatados em Miyagi. Cerca de quatro milhões de casas estão sem energia elétrica em seis províncias do país, segundo informaram as autoridades.
O setor de turbinas da usina nuclear de Onagawa, na região de Miyagi, pegou fogo após o terremoto. Em Fukushima, foi emitido um alerta de emergência na usina nuclear devido a uma falha no seu sistema de resfriamento. O chefe de gabinete do governo, Yukio Edano, afirmou que nenhum vazamento de radiação foi registrado após uma falha mecânica ter ocorrido na instalação. O sistema que apresentou problemas - depois que a usina foi fechada - é necessário para resfriar o reator. Ele disse que a medida foi uma precaução.
Em Viena, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que as quatro usinas nucleares japonesas situadas perto da área atingida pelo terremoto desta sexta-feira foram fechadas em segurança. A agência, entidade da ONU (Organização das Nações Unidas) para a fiscalização de energia nuclear, sediada em Viena, disse que estava buscando mais informações sobre que países e instalações nucleares poderiam estar em risco pelo tsunami provocado pelo terremoto. "As quatro usinas nucleares do Japão mais próximas ao local do tremor foram fechadas em segurança", disse a agência em comunicado, acrescentando que estava agindo em conjunto com o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão para obter mais detalhes da situação. "A agência ofereceu seus serviços ao Japão, caso o país peça assistência", acrescenta o comunicado.
Segundo a mídia japonesa, o governo decidiu declarar uma situação de emergência para a energia nuclear, que ocorre quando há confirmação de vazamentos radioativos de uma usina nuclear ou a danificação do sistema de resfriamento de um reator. A agência de notícias Kyodo disse que um incêndio ocorreu na usina nuclear Onagawa, da Tohoku Electric Power Company, no nordeste do Japão após o terremoto. Em outro incidente, a província de Fukushima, local de uma usina nuclear da Tokyo Electric Power, disse nesta sexta-feira que o sistema de resfriamento do reator estava funcionando, negando uma informação anterior de que a instalação teve problemas.
O Japão está situado no "Anel de fogo" - um arco de regiões de terremotos e vulcões que se estende pelo Pacífico e onde cerca de 90% dos tremores do mundo ocorrem. Um deles, de magnitude 8,8 no oceano Índico e que foi seguido por um tsunami, matou estimadas 230 mil pessoas em 12 países em 26 de dezembro de 2004. Mesmo o Japão sendo palco de tremores frequentes, raramente eles causam vítimas devido às rígidas normas de construção vigentes no país. O último terremoto de grandes proporções a atingir o Japão havia sido em 1932 em Kanto - o tremor, de magnitude 8,3, matou 143 mil pessoas, segundo o USGS. Em 1996, um outro tremor, de magnitude 7,2, deixou 6.400 mortos na cidade de Kobe.
Alertas
O aviso de ondas gigantes emitido nesta sexta-feira pelo Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico foi ampliado para Austrália, Nova Zelândia, Polinésia e países do litoral oeste do continente americano. "A avaliação do nível do mar confirma que foi gerado um tsunami que pode causar grandes danos", adverte em seu site o Centro, que pede que as autoridades "tomem as medidas apropriadas diante desta ameaça".
México, Guatemala, El Salvador, Costa Rica, Nicarágua, Panamá, Honduras, Chile, Equador, Colômbia e Peru foram incluídos no último boletim do Centro, que fez o mesmo com Austrália, Nova Zelândia, Fiji, Samoa e várias ilhas da Polinésia. Inicialmente, o primeiro alerta foi emitido para Japão, Rússia, Filipinas, ilhas Marianas, Guam, Taiwan, Ilhas Marshall, Indonésia, Papua Nova Guiné, Micronésia e Havaí (EUA).
Das agências de notícias.
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