sábado, 7 de julho de 2012

Paraty em prosa e verso

Jorge Forbes, de Paraty, especial para IstoÉ Gente
A convite da IstoÉ Gente, o psicanalista Jorge Forbes escreve sobre a abertura da Flip
Foi com um ato falho freudiano que a Festa Literária de Paraty deste ano começou. Luis Fernando Verissimo, como sempre fazendo o elogio deseu aparente sintoma de timidez, conta à plateia lotada que, da vez anterior que ali esteve, trocou Flip por Clip. Do seu erro fez um acerto para declamar os dez anos do evento, a partir da equivocada letra "C": "Um conluio de ideias, um convênio de cérebros, uma convergência de tipos e talentos, uma catarata de conceitos e cantares, um carrossel de criações e catarses e contestações e casos e catequeses."
Silviano Santiago, na mesa inaugural, academicamente fez o seu elogio a Drummond, homenageado do ano, indo do conceito à poesia. Em seguida, Antonio Cícero trilhou o caminho em sentido contrário, indo da poesia – de uma poesia, "A Flor e a Náusea" - ao conceito. A Lua do lado de fora sorriu.
Que eu me lembre, pela primeira vez faz sol e calor na Flip. Demorou dez anos! Nada de vestuário St. Germain-des-Prés, para a tristeza dos que só sabem pensar com um cachecol no pescoço. A presença feminina - e já muito lida no tempo – é a maioria.
Lenine fez o show de abertura no palco que já foi de Maria Bethânia e de José Miguel Wisnik em edições anteriores. Você viu? O calçamento de Paraty continua fazendo a festa da memória e dos ortopedistas. Ela passa e levanta o olho; ele bem que vale uma topada.
Sobre as pedras de Paraty, velhas pernas jogam amarelinha, tendo o livro como o céu. Na noite de abertura (quarta-feira 4), restaurante sem televisão ficou sem cliente. A fome de gols era maior que a de camarão. Depois da vitória corintiana, onde jantar? Os restaurantes fecharam! Com essa mistura de vida de autor com de leitor, banhada no cenário barroco e iluminada por um sol que explode no espelho do mar, tudo fica incriticável, tudo fica como sempre deveria ter ficado.

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