domingo, 24 de março de 2013

Capital mais mais violenta do país, Maceió tem 'áreas proibidas'

Nos últimos dez anos, Maceió assistiu a uma explosão no número de homicídios. No período, a taxa de assassinatos na cidade subiu 144%, enquanto o conjunto das capitais teve queda média de 18%. A taxa de homicídios é de 110,1 por 100 mil habitantes - quatro vezes a taxa nacional, de 27,4.
No período, os dois principais grupos políticos de Alagoas passaram pelo poder - os rivais Ronaldo Lessa (PDT), ex-governador, e Teotônio Vilela (PSDB), que cumpre seu segundo mandato. 
Agora, Alagoas conta com ajuda federal. Num passado recente, armas apreendidas não eram monitoradas. Saíam das salas oficiais da perícia e realimentavam o ciclo do crime, afirma a secretária nacional de Segurança, Regina Miki. 
"O foco do Estado não era combater homicídios. Nosso ambiente é propício para matar", resume Dário Cesar Cavalcante, secretário de Segurança Pública do Estado. Coronel reformado da Polícia Militar, Cavalcante foi segurança do ex-presidente Fernando Collor.
A morte de um médico no ano passado durante um assalto foi o estopim para o pedido de ajuda federal. Dois dias após o assassinato, em maio, uma multidão saiu às ruas pedindo paz em Alagoas. O Estado recorreu ao Ministério da Justiça. Um mês depois foi lançado o Brasil Mais Seguro, com o objetivo de conter os homicídios. Por enquanto, a parceria com o Planalto tem como face mais visível a ocupação de favelas pela Força Nacional, com 230 policiais para ajudar.
"Outras formas de ações sociais [para combater a violência], que só o Estado pode fazer, não estão acontecendo", diz a socióloga Ruth Vasconcelos, da Universidade Federal de Alagoas. 
De acordo com a Secretaria Estadual da Defesa Social, os homicídios em Maceió caíram 20,5% de 2011 para 2012, após 12 anos de crescimento. Foram 753 casos no ano passado, ante 947 em 2011. 
No período de vigência do programa federal Brasil Mais Seguro, diz a pasta, a queda das mortes violentas foi ainda maior - 23% em comparação com período anterior. Para ficar no lugar do reforço da Força Nacional, o Estado abriu concursos para contratar 1.040 policiais militares e 400 policiais civis. 
"Está acordado que a Força Nacional permanece aqui enquanto estivermos com o pessoal dos concursos em formação", diz o secretário Dário Cesar Cavalcante. Segundo ele, o governo já constrói um presídio na região do agreste para 800 presos, ao custo de R$ 30 milhões. 
Ainda não há data para a construção de uma unidade de regime semiaberto em AL. Para monitorar as armas apreendidas, foram instaladas câmeras e fechaduras eletrônicas na sala da perícia. O secretário Cavalcante afirma que o governo obteve R$ 130 milhões com o BNDES para investir em segurança em 2013 e 2014. Texto publicado originalmente em 24 de março de 2013, no jornal Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano.

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