Caso ex-goleiro Bruno: um ano depois, sumiço de Eliza ainda tem lacunas
Um ano depois do desaparecimento de Eliza Samudio, ainda há uma série de lacunas sobre o que ocorreu com a ex-namorada do ex-goleiro Bruno Fernandes. Além de Bruno, outras três pessoas estão presas e um adolescente internado acusados de envolvimento com a morte da ex-modelo.
A suspeita é que o grupo se uniu para matar Eliza, que teria pressionado o goleiro Bruno a reconhecer o filho.Segundo o Ministério Público, os principais suspeitos de participar do sequestro e morte de Eliza são Luiz Henrique Romão, o Macarrão, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e o adolescente primo de Bruno.Rastreamento dos telefonemas feitos pelos suspeitos em 10 de junho de 2010, quando Eliza foi vista pela última vez, evidencia ao menos uma lacuna.
A acusação diz que Macarrão levou Eliza de carro para Vespasiano (na Grande Belo Horizonte) onde ela foi morta pelo ex-policial Bola. O adolescente estaria junto.O grupo, segundo a Promotoria, encontrou-se antes na região de Pampulha, por volta das 21h, e cerca de uma hora depois Bola fez um telefonema já em Vespasiano.
Ocorre que Macarrão fez uma ligação, por volta das 22h, ainda na região da Pampulha, distante de Vespasiano, o que sugere que ele não estava no local do crime.O relatório da polícia omite essa informação e a denúncia da Promotoria à Justiça também não traz detalhes dos trajetos feitos pelos acusados entre a Pampulha e Vespasiano, bem como o tempo gasto com isso.
O rastreamento está em anexo sigiloso do processo ao qual a Folha teve acesso.Para o advogado de Macarrão, Patrick Berriel, o rastreamento só permite suposições sobre onde estaria seu cliente naquela noite. Especialistas em investigação dizem que o rastreamento não pode ser utilizado como prova cabal porque pode indicar localizações imprecisas.
Além dessa lacuna sobre as ligações, a principal questão desse crime é a inexistência do corpo da vítima.Para o desembargador Xavier de Aquino, do Tribunal de Justiça de SP, uma série de indícios não substitui a materialidade de um crime -sem corpo, não há crime.
O promotor Gustavo Fantini diz que um assassino profissional (como Bola é descrito) não faria seu "trabalho completo" diante de Macarrão e do menino, os clientes.
Para o advogado Cláudio Dalledone Júnior, defensor de Bruno, não existe prova do crime ou da participação do goleiro como mandante.
O julgamento de Bruno e dos outros acusados ainda não tem data para acontecer.
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