Arquivo histórico da Bahia está há 15 meses sem energia
Tiago Décimo
Considerado o segundo arquivo público mais importante do País em documentação histórica, atrás apenas do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, o Arquivo Público da Bahia, instalado em uma construção do século 16, está parcialmente às escuras há 15 meses. A medida foi tomada depois de um princípio de incêndio na central de força do prédio, localizado no lado externo, em março do ano passado. Na época foi constatada a necessidade de reforma no sistema de distribuição de energia elétrica no local.
"Os arquivos não foram afetados, mas só o fato de sabermos que poderia haver riscos nos levou a desligar a energia", explica a diretora da unidade, Teresa Matos. "Temos documentos da época da colônia, do império, que não existem em outro lugar." Os estudos para a reconfiguração do sistema de energia duraram seis meses. Foram mais três para o início da licitação, que foi concluída em 18 de janeiro.
A reforma da rede custará R$ 843 mil. O contrato para o serviço foi assinado no fim de abril e a expectativa é de que a energia volte ao normal em setembro. Enquanto as obras não começam, os 400 pesquisadores que vão mensalmente ao local usam uma das duas pequenas salas nas quais a iluminação foi religada - na outra, funciona provisoriamente a administração do órgão.
"Só religamos a energia nessas salas depois que uma vistoria técnica confirmou que não haveria riscos", disse a diretora. Visitas de grupos escolares, eventos e exposições estão suspensos.
Histórico
Criado em 1890, o Arquivo Público da Bahia está instalado desde 1980 na sede da Quinta do Tanque, edificação que teve sua construção iniciada no século 16, para servir de casa de repouso para os jesuítas. O prédio foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1949. A última reforma estrutural foi concluída com a chegada do Arquivo ao local.
Hoje, a imponente construção tem paredes descascadas, sinais de infiltração em todos os ambientes e problemas estruturais diversos. "A situação é muito grave", admite Teresa. "Os problemas foram causados pela falta de investimentos." Segundo ela, o orçamento do arquivo para manutenção do acervo é, em média, de R$ 300 mil por ano.
Ele está disposto em prateleiras que, ligadas horizontalmente, cobririam 25 km. "Além da falta de recursos, o prédio tem problema de configuração, por não ter sido pensado para abrigar um arquivo público, que tem necessidades específicas."
Segundo a Fundação Pedro Calmon, responsável pelo Arquivo Público da Bahia, já foram iniciados os estudos para reforma e requalificação do prédio.
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