quarta-feira, 1 de maio de 2013

Por que Obama não fechou Guantánamo?

Guga Chacra 

Guantánamo é a maior vergonha de Barack Obama. O presi-dente fez campanha em 2008 prometendo que fecharia esta prisão americana em Cuba. Mas, já em seu segundo o man-dato, o ocupante da Casa Branca enfrenta uma greve de fome de mais de cem prisioneiros que jamais receberam o direito de viver livremente ou de serem transferidos para prisões normais. Eles não são condenados a nada. A maior parte deles já foi considerada inocente pela própria Justiça militar. 
Dos 166 detidos em Guantánamo, apenas seis foram conde-nados. Algumas dezenas são suspeitas, mas não há como promotores apresentarem casos contra eles. Os demais po-deriam estar livres. E estariam, se Obama tivesse cumprido a sua promessa. Mas Obama, lamentavelmente, não cumpriu. A pressão internacional e doméstica para fechar Guantánamo, existente contra George W. Bush, se reduziu depois da elei-ção do atual presidente. Muitos se esqueceram que existia esta vergonhosa prisão americana, na qual a Constituição dos EUA parece ter sido jogada no lixo, com os detidos sendo submetidos a tortura. 
Em entrevista coletiva que marca o seu centésimo dia de mandato, Obama afirmou nesta quinta mais uma vez “que fechará Guantánamo” e voltou a culpar o Congresso pelo fracasso. Chega a ser patético. Por que não fechou antes? Por que cedeu a senadores e deputados em vez de cumprir o que prometeu na campanha e respeitar os direitos humanos? Por que acabou com o escritório responsável por elaborar um plano para fechar a pressão? 
Como bem lembra Joe Nocera, colunista do New York Times, 56 prisioneiros de Guantánamo de origem iemenita estava prontos para ser libertados anos atrás. “Mas o Congresso, liderado pelos senadores John McCain e Lindsay Graham, aprovou leis que tornou impossível a libertação deles. Ver-gonhosamente, Obama assinou estas leis”, escreveu. O presidente parece ter imaginado que o tema Guantánamo ficaria esquecido eternamente e, assim, poderia se concen-trar em suas prioridades domésticas e mesmo externas, como os seus ataques seletivos com Drones, como são chamados os aviões não tripulados utilizados para bombardear o Paquistão e o Yemen. 
A greve de fome, porém, trouxe de volta à tona o problema destes homens que vivem em um limbo, segundo as palavras do próprio presidente. É urgente que eles tenham direito à liberdade ou, pelo menos, um julgamento justo nos EUA. texto publicado originalmente em 1º de maio de 2013, no jornal O Estado de São Paulo. 


Guga Chacra é comentarista de política internacional do jornal O Estado de São Paulo e do programa Globo News em Pauta em Nova York.

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