sexta-feira, 25 de março de 2011

Violência doméstica e drogas são os principais motivos que levam jovens às ruas

De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH), esta semana, a violência doméstica e o uso de drogas são os principais motivos que levam os jovens às ruas. Os dados da SDH apontam que cerca de 70% das crianças e adolescentes que dormem na rua foram violentados dentro de casa, e 30,4% são usuários de drogas.
Segundo a pesquisa da SDH, 32,2% dos jovens tiveram brigas verbais com pais e irmãos, 30,6% foram vítimas de violência física e 8,8% sofreram violência e abuso sexual. A busca da liberdade, a perda da moradia pela família, a busca de trabalho para o próprio sustento ou da família, os conflitos com a vizinhança e as brigas de grupos rivais também levam os jovens às ruas, segundo a SDH.
A pesquisa, feita em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (Idest), ouviu 23,9 mil crianças e adolescentes em situação de rua em 75 cidades do país, abrangendo capitais e municípios com mais de 300 mil habitantes. A maioria da população de crianças e adolescentes em situação de rua é do sexo masculino (71,8%), com idade entre 12 e 15 anos (45,13%).
A maior parte dos jovens em situação de rua dorme em residências com suas famílias e trabalha na rua (58,3%), sendo que 23,2% dormem em locais de rua e apenas 2,9% dormem temporariamente em instituições de acolhimento. Entre os que dormem na casa da família e os que pernoitam na rua, 60,5% mantêm vínculos familiares. Já 55,5% classificaram como bom ou "muito bom" o relacionamento que mantêm com os pais, enquanto 21,8% consideraram esse relacionamento ruim ou péssimo.
Embora a maior parte dos jovens em situação de rua esteja em idade escolar, 79,1% não concluíram o primeiro grau. Apenas 6,7% concluíram o primeiro grau, 4,1% começaram a cursar o segundo grau, 0,6% concluíram o segundo grau e 8,8% nunca estudaram.
Segundo o levantamento, 49,2% desses jovens se declararam pardos ou morenos, 23,8%, brancos e 23,6%, negros. Além disso, os níveis de renda são baixos - 40,3% dos jovens em situação de rua vivem com renda média de até R$ 80,00 semanais. Apenas 18,8% afirmaram ter renda semanal superior a esse valor.
A maioria desses jovens trabalha, pede dinheiro ou alimentos (99,2%). Entre as atividades mais recorrentes destacam-se a venda de produtos de pequeno valor, como balas e chocolates, o trabalho como "flanelinha", a separação no lixo de material reciclável e a atividade de engraxate. Ao todo, 65,2% conseguem dinheiro ou alimentos desenvolvendo pelo menos uma dessas atividades.
Os dados apontam que 29,5% dos jovens pedem dinheiro ou alimentos como principal meio de sobrevivência. Além disso, uma parcela de 7,3% dos entrevistados, composta principalmente por crianças com pouca idade, está nas ruas acompanhada pelos pais e parentes em atividades de venda de produtos ou pedido de contribuição em dinheiro ou alimentos.
Os dois principais motivos de as crianças e adolescentes trabalharem ou pedirem nas ruas são o próprio sustento (52,7%) e o sustento da família (43,9%). De acordo com a pesquisa, 6,8% pedem esmola ou trabalham na rua porque "não têm o que fazer em casa" e 6,3% porque "é mais divertido ficar na rua".
O relatório completo da SDH deve ser divulgado na próxima semana. Além disso, a SDH e o Ministério do Desenvolvimento Social apresentarão ações e políticas públicas específicas para essa população.

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