sexta-feira, 20 de abril de 2012

R$ 5 milhões depois, Márcio Thomaz Bastos conhece seu cliente

Contratado para defender Carlinhos Cachoeira, ex-ministro Márcio Thomaz Bastos visitou o bicheiro na Papuda nesta quinta; ele, que já recebeu um terço dos R$ 15 milhões combinados, disse que não está preocupado com a integridade física do cliente e negou constrangimento pela defesa
O advogado do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem (19) que não está preocupado com a integridade física de seu cliente no Presídio da Papuda, no Distrito Federal. Cachoeira chegou na manhã de quarta-feira (18) à Papuda, vindo do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró (RN), onde estava preso desde que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, pela Polícia Federal, em fevereiro.
“Eu estive hoje com ele, não o conhecia, foi a primeira vez. Ele está bem. Essa ala onde ficam os presos federais é bem segura”, disse o advogado. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu à Justiça contra a transferência de Carlinhos Cachoeira, para o Presídio da Papuda, no Distrito Federal. Na ação, o MPF alega que a penitenciária não apresenta condições de impedir o poder de influência do preso.
Segundo Bastos, ainda não há previsão de quando o habeas corpus vai ser votado. “Ainda vai para a Procuradoria [Geral da República], deve ter uma semana, dez dias lá”. O advogado de Cachoeira disse ainda que não teve acesso aos documentos que estão no Supremo Tribunal Federal. “Esse negócio não é fácil de ler. É muita coisa. Temos uma equipe fazendo isso, sistematizando”.
Para Bastos, que já foi ministro da Justiça, não há constrangimento em defender uma pessoa acusada de participar de um esquema de corrupção. “Fui advogado por 45 anos antes de ser ministro da Justiça. Nosso sistema é baseado na presunção de inocência e no direito de todo acusado tem de ter um defensor”.
Carlinhos Cachoeira é apontado com o chefe da quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis e pagava propina para agentes públicos de segurança. Ele é acusado de comandar o jogo do bicho na Região Centro-Oeste, em especial no estado de Goiás. Ele foi preso durante a Operação Monte Carlo, deflagrada em fevereiro pela Polícia Federal, que resultou na prisão de 20 pessoas ligadas ao grupo criminoso.
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, são acusados de participar dos esquemas ilegais do empresário. O Parlamentar tem sido o mais atingido pelas denúncias. Vazamentos das conversas telefônicas mostram o senador recebendo orientação da Cachoeira sobre projetos em tramitação no Congresso Nacional.

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