PM reage com violência a protestos e SP vive noite de caos
André Monteiro
Gilberto Bergamim Jr.
O quarto dia de protestos contra a alta tarifa de transporte em São Paulo foi marcado pela repressão violenta da Polícia Militar, que deixou feridos manifestantes, jornalistas e pessoas que não tinham qualquer relação com os atos. Ao menos 192 pessoas foram detidas e cem manifestantes ficaram feridos.
As agressões tiveram início quando manifestantes tentaram subir a rua da Consolação, em direção à avenida Paulista, onde havia um bloqueio policial. Sem ter sido agredida, a Tropa de Choque cercou os manifestantes e disparou bombas de efeito moral e balas de borracha. Assustados, motoristas abandonaram os carros.
Foto de Eduardo Anizelli - Folhapress |
As agressões tiveram início quando manifestantes tentaram subir a rua da Consolação, em direção à avenida Paulista, onde havia um bloqueio policial. Sem ter sido agredida, a Tropa de Choque cercou os manifestantes e disparou bombas de efeito moral e balas de borracha. Assustados, motoristas abandonaram os carros.
Foto de Eduardo Anizelli - Folhapress |
Pessoas que estavam sentadas em um bar na avenida Paulista foram expulsas do local, à força, por um grupo de PMs. Entre os agredidos está um casal de universitários que chegou a participar da manifestação, mas deixou o protesto mais cedo ao notar atos de vandalismo.
A estudante de Rádio e TV Gabriela Lacerda, de 24 anos, estava com o namorado, Raul Longhini, 20, no bar Charme da Paulista, na esquina com a alameda Casa Branca, quando um grupo de policiais abordou clientes e derrubou as mesas e cadeiras que estavam na calçada.
Os policiais, com escudo e tonfa (espécie de cassete-te), ordenaram a funcionários do estabelecimento que fechassem as portas e, aos gritos e empurrões, mandaram todos os clientes irem embora.
Os militares se dirigiram ao local após um grupo de pessoas correr para lá fugindo de bombas de gás lançadas por uma guarnição da Tropa de Choque. O grupo era formado na maioria por fotógrafos que se aglomeraram no canteiro central da Paulista e foram confundidos com manifestantes que se reagrupavam.
Após saírem do bar, Gabriela e Raul foram derrubados na calçada - ela teve o antebraço direito ferido com golpes de tonfa. "A polícia foi extremamente violenta. Eu estava sentada tomando cerveja e me jogaram no chão. Me deram porrada." A Folha de São Paulo presenciou as agressões.
Longhini disse, revoltado, que não poderia nem reclamar da ação na Corregedoria da PM porque os policiais estavam sem identificação em seus coletes. "Isso é um absurdo. Quem deveria me proteger me agride sem motivo", afirmou o estudante de marketing.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o ato de ontem foi marcado pela violência policial. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a PM não vai tolerar violência e obstrução de vias públicas. Também na avenida Paulista, uma funcionária do shopping Center 3 teve que fugir correndo para escapar das bombas lançadas por PMs.
A recepcionista Carolina Pardin, de 25 anos, estava ao lado da reportagem, caminhando, quando um policial mirou em direção a ela após alguns manifestantes dispersarem na mesma direção. "Eu trabalho no shopping como recepcionista. Fiquei no horário normal, não fui liberada mais cedo. Por isso só saí agora. Vi que miraram em nossa direção e a bomba disparou perto de mim", disse a jovem após se recompor da inalação do gás lacrimogêneo.
Longhini disse, revoltado, que não poderia nem reclamar da ação na Corregedoria da PM porque os policiais estavam sem identificação em seus coletes. "Isso é um absurdo. Quem deveria me proteger me agride sem motivo", afirmou o estudante de marketing.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o ato de ontem foi marcado pela violência policial. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a PM não vai tolerar violência e obstrução de vias públicas. Também na avenida Paulista, uma funcionária do shopping Center 3 teve que fugir correndo para escapar das bombas lançadas por PMs.
A recepcionista Carolina Pardin, de 25 anos, estava ao lado da reportagem, caminhando, quando um policial mirou em direção a ela após alguns manifestantes dispersarem na mesma direção. "Eu trabalho no shopping como recepcionista. Fiquei no horário normal, não fui liberada mais cedo. Por isso só saí agora. Vi que miraram em nossa direção e a bomba disparou perto de mim", disse a jovem após se recompor da inalação do gás lacrimogêneo.
Na quarta-feira (12), o Ministério Público (MP) de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) - organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público - e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com Haddad, para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.
Alckmin, porém, descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do MP.
"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade. O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.
Haddad também disse que não reduzirá a tarifa de ônibus. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha. Texto publicado originalmente em 14 de junho de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Cotidiano.
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