domingo, 20 de março de 2011

Loteria Federal

Concurso 04537 (20 de março de 2011)
1º prêmio: 04.690 - R$ 600.000,00 2º prêmio: 01.379 - R$ 12.000,00 3º prêmio: 32.379 - R$ 9.000,00 4º prêmio: 08.318 - R$ 7.410,00 5º prêmio: 47.495 - R$ 6.000,00 Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF)

Para que lado cai a bolinha

O filme começa com a câmera parada no centro de uma quadra de tênis, bem na altura da rede. Uma bola cruza a tela em câmera lenta. Depois ela cruza de volta, e cruza de novo, mostrando que o jogo está em andamento. De repente, a bola bate na rede e levanta no ar. A imagem congela. O locutor diz que tudo na vida é uma questão de sorte - você pode ganhar ou perder - depende do lado que vai cair a bola. É o início de Match Point, roteiro original. É uma versão mais sofisticada, mais sensual e mais trágica de um outro filme de Woody Allen: Crimes e pecados. Em ambos, a eterna disputa entre a estabilidade e a aventura, entre render-se à moral ou desafiá-la, o certo e o errado flertando um com o outro e gerando culpa.

Chuva em Salvador causa dez deslizamentos de terra

A chuva que caiu em Salvador na madrugada deste sábado (19) deixou seis pontos de alagamento e causou dez deslizamentos de terra, segundo informações da Defesa Civil de Salvador (Codesal). De acordo com a Codesal, em consequência do temporal, duas árvores caíram e um muro desabou.

A lua de sábado, um espetáculo raro

Foto tirada ontem (19) em Amélia Rodrigues (a 80 km de Salvador), por Thaïs Goodwin. Essa extraordinária lua cheia foi a maior das duas últimas décadas, e apareceu mais exuberante, quando ela atinge o ponto máximo do ciclo conhecido como Perigeu Lunar.
E aqui tem a lua cheia de Chico Buarque e Toquinho.

O verão termina hoje

A estação mais quente do ano termina neste domingo, dia 20. O verão se vai e o outono se aproxima. A mudança de estação acontece às 20h21.

Somos quase os mesmos e vivemos como os ancestrais

Teleanálise
Malu Fontes
As notícias que chegam diariamente via televisão, jornais e internet sobre o admirável mundo novo da ciência e da tecnologia embalam o sonho de que a civilização, sobretudo a que habita os países mais ricos do mundo, estão prestes a habitar uma civilização que controlará a natureza graças aos mecanismos sofisticados de uma revolução científica sem precedentes que são anunciados todos os dias. No entanto, o poder da ciência é tão real quanto mítico e basta um dar de ombros da natureza, através de uma placa tectônica que sustenta uma das nações mais ricas e tecnológicas do mundo, o Japão, para ver o mundo civilizado comportando-se com o mesmo terror que deve ter sido experimentado pelos ancestrais diante dos dilúvios bíblicos creditados à ira divina.
O Japão, a nação que até um par de dias atrás era a segunda mais rica do mundo e acabou de descer um degrau, empurrada pela China, assombra o mundo há uma semana com uma catástrofe de consequências jamais vistas e cuja fórmula tem como ingredientes básicos os quatro elementos essenciais da natureza: água, terra, fogo e ar. O país amanheceu rico, orgulhoso de ser não apenas a terceira economia do mundo, mas o de ser o grande exportador de tecnologia de ponta, super bem sucedido no uso da energia nuclear, com quase 60 usinas nucleares em funcionamento, além de ser o mais bem preparado do mundo para lidar com terremotos. O Japão que anoiteceu foi um outro país, com parte de seu território destroçado, com vastas regiões devastadas, cidades transformadas em ondas gigantescas de lama e entulho formadas por casas destruídas flutuantes, carros, barcos, pontes, árvores.
PASTORES - As dimensões e as consequências do terremoto-maremoto-tsunami no Japão, seguidos de grandes incêndios, vazamento de radiação, desabastecimento, fome, neve, regiões isoladas fizeram com que, pela primeira vez, a palavra apocalipse fosse pronunciada e reproduzida na televisão por grandes líderes da economia européia e não por pastores desses que vendem um lote no céu aos desesperados que buscam na fé os últimos estertores para continuarem vivendo. Tóquio, que no instante seguinte à tragédia apenas assistia a tudo chocada, por estar a cerca de 300 quilômetros dos pontos mais atingidos, ao quarto dia parecia uma cidade fantasma que em pouco ou nada lembrava a agitação humana permeada por incessantes neons dos anúncios luminosos.
Na cobertura feita pela imprensa brasileira, o aspecto que mais chamava a atenção dos jornalistas, o nível de calma e tranquilidade do povo japonês diante da calamidade, foi, ao longo da semana, se transformando em assombro, tamanha era a calma, descrita por diferentes jornalistas, do povo perante a lentidão do governo em adotar providências mais imediatas quanto a abastecimento de comida e evacuação. Enquanto os japoneses se calavam, o mundo gritava que a situação era grave e assustadora pelos riscos de contaminação nuclear. Os estrangeiros fugiam para os aeroportos mais próximos, onde aviões dos países ricos esperavam seus cidadãos para resgatá-los de riscos. Jatos que voavam de Londres para Tóquio com 300 passageiros, passaram a semana voando com menos de 20 pessoas e retornando lotados de gente que se cria embarcando numa arca de Noé contemporânea. O governo japonês pedindo a todos que ficassem calmos, que não havia motivos para alarme, responsabilizando os estrangeiros por espalhar sentimento de pânico. Os japoneses quietos, com fome, frio, sem luz, imobilizados, esperando as próximas orientações, literalmente, do imperador. Parte da imprensa ocidental atribui esse comportamento da população ao controle e à sonegação das informações reais da gravidade dos riscos por parte do governo japonês. Há quem diga, no entanto, que o auto-controle japonês é exatamente o traço que lhe permitiu historicamente reagir tão bem às tragédias das quais já foi vítima.
LOBÃO - Como, para o jornalismo, a tragédia em si, onde quer que ela aconteça, não é mais importante do que suas consequências para o país dos veículos que escrevem sobre ela, no Brasil as duas notas dissonantes da comoção causada pela tragédia japonesa vieram pela boca de dois ministros de Estado. O primeiro foi o do Trabalho, Carlos Lupi, que, quando questionado sobre o impacto da catástrofe japonesa na economia brasileira não titubeou: a médio prazo o Brasil sai ganhando, pois o Japão vai precisar ser reconstruído e temos muito a exportar para os japoneses. O segundo foi Edison Lobão, o ministro das Minas e Energias, questionado sobre os riscos da ainda incipiente produção de energia nuclear no Brasil, garantiu que aqui jamais aconteceria um risco de radiação semelhante ao que assusta o Japão. Não, Lobão não usou como argumento de sua tese o fato de o Brasil ser um país sem risco de abalos sísmicos. Foi claro e contundente: as usinas nucleares brasileiras são muito mais seguras do que as do Japão. E quem há de negar?
Texto publicado originalmente em 20 de março de 2011, no jornal A Tarde, Salvador/BA