sábado, 9 de junho de 2012

Homem invade residência e é morto a tiros por idosa de 87 anos no RS

A aposentada Odete Prá, de 87 anos, matou um homem - ainda não identificado - que invadiu seu apartamento na noite deste sábado (09), no centro de Caxias do Sul (RS). O homem foi baleado com três tiros - um no peito e dois nas pernas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
A filha de Odete, Régia Prá, contou à polícia que a aposentada usou um revóver calibre 38 que estava guardado há 35 anos. Odete mora no terceiro andar do prédio e estava sozinha no apartamento, quando foi surpreendida em seu quarto pelo invasor.
Segundo a polícia, enquanto o homem andava pelo apartamento, a idosa pegou o revóver no armário. Quando ele percebeu que Odete estava armada, ameaçou agredi-la e tentou desarmar a idosa, que disparou contra ele. Em seguida, ela se trancou no quarto e chamou a polícia.
Odete prestou depoimento na 2ª Delegacia de Pronto Atendimento e foi liberada. Segundo a polícia, ela deverá responder ao inquérito em liberdade por se tratar de legítima defesa.

Crimes por paixão

Daniel de Barros
Ainda é muito cedo para saber exatamente o que se passou no caso do assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Kitano Matsunaga. Não é por acaso, no entanto, que já se fala nos casos extraconjugais que ele teria e também na apólice de seguros que beneficiaria a viúva: homicídios, quando envolvendo pessoas comuns, frequentemente são motivados por paixões; e sabemos muito bem que sexo e dinheiro figuram entre os principais objetos da paixão humana.
A viúva Elize Matsunaga disse que atirou no marido após ser agredida numa discussão, o que é compatível com um ato cometido no calor da hora, mobilizado pela emoção. Mas ao mesmo tempo parece ter havido alguma preparação, dado o aparentemente planejamento prévio do esquartejamento e sumiço do corpo.
Isso não é necessariamente uma contradição: embora o crime passional seja mais frequentemente associado atos realizados num arroubo de raiva, o planejamento não impede que se trate sim de um crime movido por paixão – por isso chamado passional. Estados afetivos muito intensos, dificultando a correta avaliação do comportamento, são chamados de catatimia, que significa “em acordo com as emoções”.
Nesses casos a intensidade dos afetos da pessoa é de tal monta que pode distorcer o raciocínio, os pensamentos, levando eventualmente ao que o psiquiatra alemão Fredric Wertham chamou de “crise catatímica”. Não que o estado emocional por si só leve ao ato criminoso, mas emoções muito intensas geram ideias distorcidas, medo ou tensão crescentes, até dar lugar à tal crise, quando o balanço entre lógica e afetividade fica perturbado e a pessoa conclui que o ato violento é a única saída. Normalmente ela consegue adiar o ato por um tempo, mas chega o ponto em que o conflito se torna insuportável e o crime finalmente ocorre.
Para a lei, no entanto, esse estado não pode ser invocado como superior à capacidade racional do indivíduo. No Código Penal brasileiro consta, no artigo 28, que “Não excluem a imputabilidade penal: I – a emoção ou a paixão”. Ou seja: mesmo que motivada por estados afetivos intensos, como ocorre na catatimia, a pessoa continua sendo responsável por seus atos, uma vez que não teve um prejuízo real e global em sua racionalidade.
Assim, como o que define o ser humano – ao menos até hoje – é ser um animal racional, a opção da lei é somente excluir a pena quando ao criminoso falta o discernimento ou autocontrole em virtude de doença mental.
O crime passional, portanto, muitas vezes invocado como justificativa para atos extremos, não isenta as pessoas de sua responsabilidade, pois estar “louco de amor” é bem diferente de estar mentalmente doente.
Daniel de Barros é psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC), onde atua como coordenador médico do Núcleo de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica (Nufor). Doutor em ciências e bacharel em filosofia, ambos pela USP.

Menorah na TV recebe o jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes

Assista ao vídeo aqui.

Tentativa de assalto termina em tiroteio em Ondina; jovem é baleada e assaltante é morto

Uma tentativa de assalto a um casal no Morro do Escravo Miguel, no bairro de Ondina, em Salvador, deixou o assaltante morto e uma jovem ferida na noite deste sábado (09). Por volta das 18h, a estudante Jéssica Ramos Reis, de 19 anos, foi baleada de raspão na cabeça, próximo ao restaurante Alfredo Di Roma. Ela estava acompanhada de seu namorado, o sargento da Polícia Militar Gerson da Silva Marques, quando o assaltante Jaime César Maciel Oliveira Santos, de 23 anos, abordou o casal.
Segundo policiais da 12ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Rio Vermelho), o assaltante roubou as carteiras do casal e viu que Gerson era policial. Ele então atirou contra os dois. Após os primeiros disparos, o sargento percebeu que Jéssica estava baleada e houve troca de tiros. O assaltante tentou fugir, mas foi perseguido por Gerson e morreu baleado a poucos metros do local, próximo ao antigo Hotel Salvador.
A arma do assaltante foi apreendida pelos policiais da 12ª CIPM. O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e foi registrado como tentativa de roubo e tentativa de homicídio.
Jéssica foi socorrida no HGE (Hospital Geral do Estado). O estado de saúde dela não é grave, segundo informações da assessoria do hospital.

Homem é morto a pauladas na avenida Vasco da Gama

Kleber Ramos Pereira, de 32 anos, foi morto a pauladas na manhã deste sábado (09), próximo à sua casa, na rua Sérgio de Carvalho, na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. De acordo com a 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Federação), Kleber Ramos foi encontrado morto com a cabeça ensanguentada. Segundo testemunhas, quatro homens atiraram contra Kleber, o espancaram a pauladas e fugiram.
A polícia suspeita que o crime tenha sido motivado por dívidas com o tráfico.

Polícia apreende 199 aves silvestres que viviam em cativeiro na Bahia

Uma operação para coibir o comércio ilegal de animais silvestres levou policiais da 27ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Cruz das Almas) à apreensão de 199 pássaros em situação de maus-tratos na manhã deste sábado (09), em Cabaceiras do Paraguaçu (a 150 km de Salvador) e São José de Itaporã (a 142 km da capital baiana).
As aves, que eram mantidas em cativeiro, estavam em viveiros e em caixas de madeira, sem comida. Elas foram devolvidas à natureza, segundo a polícia.
Ao todo, quatro pessoas vão responder em liberdade por infração contra o ambiente, crime de maus tratos, aprisionamento e captura de animais silvestres. São eles: Cecílio Alves dos Santos, de 42 anos, Daniel Conceição Santana, de 60 anos, Enilson Bispo de Jesus, de 23 anos, e Gildásio Assis da Silva, de 38 anos. A pena pode ser de três meses a um ano de prisão.

As malas de Elize salvaram Ronaldinho

Malu Fontes
Não fosse a bela, rica e loura Elize Matsunaga dar um tiro na cabeça do marido, esperar horas e horas para o sangue do corpo morto coagular e, assim, evitar sangramento para então esquartejá-lo até fazer caber os pedaços em três malas e carregá-las sob o olhar sempre vigilante das câmeras onipresentes de um elevador, Ronaldinho Gaúcho é quem teria ocupado o posto de grande réu da semana nas manchetes da telejornais. A semana televisiva começou com mais uma bomba de vento jornalístico.
Todas as emissoras foram atrás da sanha de Patrícia Amorim, a moça meio sem sorte ou norte do Flamengo, que, com o propósito de ganhar um round numa batalha milionária trabalhista orçada em 40 milhões movida pelo jogador contra o time, tirou da cartola imagens mostrando uma mulher entrando com uma mala num dos quartos do hotel onde a equipe estava concentrada, em janeiro deste ano, em Londrina. As câmeras, assim como denunciaram o esquartejamento até então inconfessado de Elize Matsunaga, também mostram o que parece que nem os torcedores mirins têm dúvida. Nove entre 10 (e há quem diga que são 11 a cada 10) jogadores de futebol fazem sexo ou outras coisas nas concentrações. As câmeras mostram Ronaldinho entrando e saindo do quarto da moça da mala e saindo cedinho, todo vestido para o treino.
Mortes - O detalhe jornalístico surpreendente do episódio não é o que as imagens mostram, mas a forma como a imprensa é pautada ao gosto e ao sabor dos discursos dos donos da notícia em cada área, seja esporte, política, celebridades, etc. Todas as emissoras, sem exceção, mostravam Ronaldinho praticamente como um criminoso flagrado durante o ato. Desde quando a maioria dos grandes astros do futebol brasileiro tem como característica exatamente traços como contenção, bom mocismo, bom comportamento, sobriedade e fidelidade (no caso dos casados)?
Da história inteira de álcool e mulheres de Garrincha ao bafafá entre Ronaldão e os travestis, passando por Romário, Renato Gaúcho e os trocentos casos envolvendo Edmundo, embriaguez e até mortes, em que aspecto Ronaldinho Gaúcho representa uma evolução para pior? A única diferença parece ser a câmera de um hotel. E se Patrícia Amorim acha isso tão grave e transgressor assim, com a anuência da imprensa de um modo geral, que deu à coisa o tamanho da repercussão que deu, por que não tomou providências em janeiro?
Jumentos - E por que o Flamengo contratou Ronaldinho sabendo que na Espanha o jogador já era uma figura do balacobaco? E por que ninguém do Flamengo nunca ouviu os lamentos dos moradores do condomínio onde o moço morava e dava baladas que só não perdiam para as de Adriano? Se nas festas de Ronaldinho o traço era a desproporção infinitamente superior entre a quantidade de mulheres e o barulho da música, a marca Adriano era dar um toque de Calígula aos seus eventos. Qualquer busca no Google mostra que em suas festas eram comuns a junção de ex-bbbs, anões e, sim: jumentos. Não causará estranhamento se a qualquer momento a direção do Flamengo acusar o gaúcho, com a anuência da imprensa para a divulgação, de infração contratual no quesito estética, sob a alegação de que comprou um galã e recebeu um Shreck Black e dentuço de chuteiras.
Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. Texto publicado originalmente em 10 de junho de 2012, no jornal A Tarde, Caderno 2, p. 05, Salvador/BA.

Jornalista e escritor Ivan Lessa morre em Londres

O jornalista e escritor Ivan Lessa, de 77 anos, morreu na tarde desta sexta-feira (08) em Londres, onde vivia desde 1978. Lessa sofria de enfisema pulmonar e estava com problemas cardíacos. Ele tinha uma coluna na BBC Brasil. O corpo de Lessa será cremado em Londres. Ele era filho do escritor Orígenes Lessa e tinha três livros publicados - Garotos da Fuzarca (1986), Ivan vê o Mundo - Crônicas de Londres (1999) e O Luar e a Rainha (2005). Ivan Lessa foi editor e colaborador do jornal O Pasquim, famoso pela oposição feita ao governo militar, ao lado de Paulo Francis e Millôr Fernandes. Criou, junto com o cartunista e amigo Jaguar, o ratinho Sig - inspirado no psicanalista Sigmund Freud -, baseada na anedota "Deus criou o Sexo, Freud criou a sacanagem". O ratinho se tornou símbolo de O Pasquim.
Lessa trabalhou na TV Globo e foi colaborador de diversas publicações brasileiras, entre elas as revistas Senhor, Veja e Playboy, e os jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e o Jornal do Brasil.

Polícia Militar prende homem com armas e munições em Conceição do Jacuípe (BA)

Policiais do 5º Pelotão da 20ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Conceição do Jacuípe) prenderam um homem com uma pistola calibre 44 e seis munições no município de Conceição do Jacuípe (a 98 km de Salvador), na noite desta sexta-feira (08).
Gerson Costa Santos foi preso por porte ilegal de arma e receptação. A arma, com inscrição da Marinha do Brasil, não é usada desde 1937, informou a polícia. O suspeito foi encaminhado para a Delegacia de Polícia do município.

Mãos que eu afaguei

Fernanda Torres
O poder vicia. No vício, perde a inocência. E, se todos têm culpa, ninguém é culpado.
Marluci enrolava meus bobes no camarim da televisão, quando comentou que o depoimento do Demóstenes no Conselho de Ética, em curso naquela tarde, lhe parecia convincente. A simpatia da cabeleireira escorreu pelo ralo junto com o Nextel do senador pago por Cachoeira. Já ao anoitecer, ela havia recuperado a sua habitual indignação. Eu também, em frente à TV naquela manhã, fui tomada por um sentimento involuntário de compaixão. "Pelo menos ele está falando!", pensei. O emudecimento na CPI do dia seguinte, a exemplo do Nextel, destruiu a longa defesa da véspera. Mas quem, no lugar dele, cometeria o desatino de abrir a boca?
A máquina eleitoral é um leviatã voltado para os próprios interesses que opera na ilegalidade. A política corrompe ao mesmo tempo que produz desenvolvimento e riqueza. Se não para todos, pelo menos para os que sobrevivem nela. O poder vicia. No vício, perde a inocência. E, se todos têm culpa, ninguém é culpado.
Há sete anos, quando as denúncias do mensalão espocavam nas primeiras páginas dos jornais, fui almoçar com um amigo em um restaurante extinto do Leblon. Já pagando a conta, percebi que na única mesa ocupada, bem na saída do salão, estava sentado José Dirceu.
Roberto Jefferson entoando vingança, o próprio Dirceu, no documentário "Entreatos", declarando possuir um cofre cheio de filmes bem intencionados que poderiam arruinar a reputação dos que concordaram em aparecer neles, a careca do Valério, Delúbio dopado, Lula, o PT e o PSDB, a Telecom e o Opportunity; sem falar na Casa Civil, no movimento estudantil, na guerrilha, nas plásticas e na clandestinidade mantida até diante da mulher; 50 anos de história me contemplavam em meio às mesas vazias, bem na passagem de quem queria chegar à porta.
Catei a bolsa e sai batida, eu não o conhecia, não era agora que iria me apresentar. Receei que parecesse que eu estava lhe virando a cara. Eu não me sentia pior e nem melhor do que Dirceu, certamente menos audaciosa. Ele me provocava a consciência incômoda do quanto ignoro as regras do jogo político e de como vivo à beira, e à mercê, da corda bamba dos que orbitam o trono.
Anos depois desta tarde, em um forró da Flora e do Gil, durante uma conversa com o meu parente sardo, Sérgio Mamberti, levantei os olhos e dei de cara com um homem cujo nome não me vinha à cabeça. "Oi, Ferrrnanda", ele disse, com um sotaque carregado do interior paulista. José Dirceu! Era uma de suas primeiras aparições sociais depois de uma longa reclusão pós-escândalo.
A mesma paralisia do Leblon, a força gravitacional em torno daquela entidade, somada à culpa de não ter me dirigido a ele no longínquo almoço carioca, agravaram a falta de jeito. Levantei uma mão e acenei com um sorriso tímido, de longe.
O desconforto por ter sido incapaz de encarar José Dirceu pela segunda vez me perseguiu por toda a festa. O medo de que ele houvesse notado as dúvidas insolúveis que me invadem na sua presença. Muitos o desprezam, outros o consideram a encarnação do exu capeta, alguns alegam que todos agem igual; corre a lenda de que, nos tempos de gato incendiário, Dirceu fazia amor sobre a bandeira nacional.
É impossível se manter indiferente diante de uma reputação suicida como a dele. Como nos insuperáveis romances do século 19, a vilania e o heroísmo se misturam de forma explosiva em José Dirceu. Para além do bem e do mal. No fim do arrasta-pé, sentada mais uma vez ao lado de Mamberti, senti, pelas costas, um vulto se despedir dos demais. Me virei, era Dirceu. Ele pousou a mão nos meus ombros e eu, com o desejo culposo de reparar o mal-estar dos últimos encontros, segurei sua mão num movimento inconsciente e a beijei.
Uma fração de segundo após o ato, descolei os lábios da pele morena e olhei para os lados, aterrorizada com a ideia de ter sido pega por um fotógrafo em um momento tão íntimo e complexo da minha madureza atormentada. É como tão bem resumiu a esposa de Cachoeira: "Isso é uma coisa que poderia acontecer com qualquer um".
Texto publicado originalmente em 08 de junho de 2012, no jornal Folha de São Paulo, Caderno Ilustrada, São Paulo/SP.