domingo, 18 de março de 2012

Cinema argentino: Medianeras

Medianeras: Buenos Aires na era do amor virtual”, do argentino Gustavo Taretto. Com Javier Drolas (Martín) e Pilar López de Ayala (Mariana), entre outros.

Duas turistas brasileiras são sequestradas por beduínos no Egito

Duas adolescentes brasileiras que estavam num grupo de 45 turistas foram sequestradas hoje por homens de uma tribo de beduínos, quando regressavam de uma visita ao monastério de Santa Catarina, na península do Sinai, no Egito.
As autoridades egípcias ainda não informaram a identidade das brasileiras.
O Ministério das Relações Exteriores informou que as autoridades egípcias estão negociando a libertação das brasileiras. Segundo o Itamaraty, as negociações são conduzidas pelo Ministério do Interior egípcio e acompanhadas de perto pela embaixada do Brasil no Cairo.

Ba-Vi: Ônibus com torcedores do Vitória é apedrejado no caminho para o jogo

Um ônibus da empresa Expresso Vitória que levava torcedores do Vitória para o Estádio Manoel Barradas, o Barradão, sofreu uma emboscada e foi apedrejado por um grupo de torcedores do Bahia, por volta das 14h30 deste domingo (18), segundo a polícia.
O ônibus teve os vidros quebrados na avenida São Rafael, no bairro de São Marcos, próximo ao viaduto Canô Veloso.
Ainda não há informações sobre feridos.

Carro bate em poste e deixa um jovem morto e outro ferido na avenida Paralela

O estudante baiano Paulo César Freitas de Souza Júnior, de 21 anos, morreu em um acidente neste domingo (18) na Avenida Paralela, no sentido aeroporto. O acidente aconteceu por volta das 4h50, na altura da concessionária Citroen.
A Transalvador (Superintendência de Trânsito e Transportes) informou que Paulo César estava em um Celta (placa JQZ-9199), quando o veículo colidiu com um poste. Com a colisão, Paulo César morreu na hora e o motorista do Celta, Vítor Barbosa Coelho, ficou ferido e foi socorrido no HGE (Hospital Geral do Estado). Até as 7h, o carro ainda estava no local aguardando a remoção. O caso será investigado pela 12ª Delegacia de Polícia (Itapuã).

Filho de Eike Batista atropela e mata ciclista no Rio de Janeiro

O filho mais velho do empresário Eike Batista e da ex-modelo Luma de Oliveira, Thor Batista, de 20 anos, se envolveu em um acidente de carro na noite deste sábado (17). Ele é suspeito de atropelar e matar Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, que passava de bicicleta pela Rodovia Washington Luís, em Xerém, distrito de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, no Rio.
O caso está sendo investigado pela 61ª DP (Xerém). O ciclista teria sido atingido pela Mercedez Benz McLaren prata do filho do bilionário na pista sentido Rio. A vítima morreu na hora.
Thor Batista pode ser acusado de homicídio culposo (sem a intenção de matar). Em princípio, as informações são de que ele e um amigo que o acompanhava foram submetidos ao teste do bafômetro, no qual não foi identificada a ingestão de bebida alcoólica.
Um advogado da família Batista esteve na delegacia e levou o carro de Thor, com a promessa de manter as condições em que o veículo ficou após o acidente. Com o impacto do atropelamento, o Mercedes ficou amassado. A tia e uma prima da vítima também estiveram na delegacia.
O corpo de Wanderson foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) na manhã deste domingo. Não há ainda informações sobre o sepultamento.

Médico de Lula e Dilma, cardiologista Roberto Kalil Filho é acusado de formação de quadrilha e tráfico de influência

Uma carta encaminhada à Promotoria de São Paulo por um cardiologista do Incor (Instituto do Coração) põe em risco a reputação de um dos médicos mais conhecidos do País. O cardiologista Roberto Kalil Filho, de 51 anos, atende celebridades, pesos-pesados do meio político e é também o médico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff. Foi ele também quem acompanhou o ex-vice-presidente José Alencar em um longo tratamento contra um câncer até sua morte, em março do ano passado.
O renomado médico, porém, está sendo acusado de se aproveitar da importante roda de amigos que possui para se beneficiar de diversas formas. As acusações formais são de formação de quadrilha e tráfico de influência, e partem do também cardiologista Leonardo Vieira da Rosa, médico do Incor e do Hospital Sírio-Libanês e editor do site de notícias sobre a área CNCardio, onde foi publicada a íntegra de sua carta.
Nela, há 11 tópicos, que nomeiam pessoas que beneficiam – e são beneficiadas – pelo médico de Lula, além de acusações contra o cardiologista, que vão de assédio moral a uma fraude envolvendo o Incor, onde manteria vínculo trabalhista mesmo sem comparecer e prestar serviços. "Esse senhor se faz valer de influências políticas para atingir objetivos acadêmicos e profissionais", acusa Vieira da Rosa.
Clique aqui e leia a carta publicada no CNCardio.

A guerra com que nos enrolam

João Ubaldo Ribeiro
Com um certo embaraço para quem é tido, generosa e erroneamente, como conhecedor do que agora ouço chamarem de "Brasil profundo", não entendo praticamente nada de jogo do bicho. É uma ignorância vergonhosa e até mesmo, em algumas ocasiões, fator de exclusão social, porque fico inteiramente por fora de várias conversas.
Sei que 24 é veado, porque sou do tempo em que os estudantes cujos primeiros nomes começavam com letras do meio do alfabeto corriam o risco, a depender do tamanho das turmas, de pegar o número 24 e passar o ano inteiro ouvindo piadinhas na hora da chamada. Em Sergipe, saía porrada.
E também sei que 34, aliás número de minha cadeira na Academia, é duas cobras, porque sonhei com duas colegas de faculdade, contei a elas e elas, para quem eu de vez em quando fazia um joguinho, pois que eram tempos em que as moças não podiam expor-se a certos ambientes, me aconselharam entre risos que eu jogasse em duas cobras. Dito e feito, ganhei na dezena, comemoramos na cantina, com três coca-colas e três pastéis.
Depois disso, nunca mais joguei. Aliás, minto. Quando eu morava na Bahia, passava temporadas no Rio. Durante uma dessas, no restaurante em que me enturmei, éramos visitados desde as 11 da manhã, pela tarde adentro, por um simpático e sorridente cambista - ou pelo menos acho que era o nome que se dava - que levava as apostas à casa de jogo do bicho (de novo, não sei se é este o nome usado para a porta do estabelecimento onde se fazia a fezinha diretamente; na Bahia era "tenda do bicho").
De vez em quando eu jogava e uma vez, assessorado por um companheiro de mesa, cerquei milhar, dezena e centena, do primeiro ao quinto, numa rodada que chamavam de Paratodos e em outra, baseada num sorteio diferente. Não cravei nada, minha história de acertos ficou naquela dezeninha.
Acabo de confessar que já fui contraventor, não me regenerei para o bom convívio social e, com revoltante cinismo, não manifesto arrependimento algum. Na verdade, vocês devem ter percebido, pelo meu jeito de abordar o assunto, que sou um desses elementos capazes de reincidir a qualquer momento e admito que, se sonhar com o Ronaldinho do Flamengo, sou homem de, levado pelo permanente sorriso do craque, procurar o apontador aqui da esquina e descarregar uma graninha (coisa modesta, de escritor mesmo) no jacaré.
Mas atirem a primeira pedra os que me reprovam. Um estrangeiro não entenderia nada do que falei acima, mas vocês todos, inclusive muitos dos que nunca jogaram, entenderam tudo. Ainda outros, também em grande número, estão capacitados a me ensinar muita coisa, ou tudo, sobre o jogo do bicho.
Não se trata de ser a favor de jogos de azar, trata-se de tentar acabar com essa hipocrisia em torno de um jogo tão arraigado em nossa cultura e até mesmo nossa língua. Estou convencido de que, se fosse feita uma pesquisa séria, o povo brasileiro, que joga no bicho de norte a sul, revelaria muito maior confiança no bicho que nos seus governantes, os quais se acostumou a ver como ladrões, privilegiados, mentirosos ou incompetentes.
Tudo bem, é para proteger o cidadão, impedindo-o, por exemplo, de gastar o dinheiro do supermercado no jogo. Então vamos também protegê-lo de senas, megassenas, raspadinhas e não sei quantos mais jogos de azar legalizados, onde ele pode perfeitamente fazer a mesma coisa. Claro que é hipócrita quem torce um nariz santimonial para o jogo do bicho, mas joga na megassena, entra no bolo do futebol, curte um pôquer no fim de semana ou dá sua raspadinha.
Agora acaba de ser realizada uma brava operação no Rio de Janeiro, em que grandes bicheiros foram presos. Mais do mesmo filme, uma enorme farsa, uma encenação em que todos fingem acreditar que aquilo vai resolver alguma coisa. Não me manifesto nem contra a decisão judicial que deflagrou a operação, nem contra a polícia que a realizou.
Tanto uma quanto outra obedeceram a lei, o que, embora longe de ser a regra entre nós, é pelo menos o cumprimento da lei. Mas essa lei, em toda a nossa história, tem sido ignorada, até agora é ignorada em muitos Estados e sempre dependeu da vontade de quem está no poder. Nunca houve nenhum problema público grave, causado pela tolerância ao jogo do bicho, ao contrário da intolerância.
A intolerância e a guerra ao bicho não se devem a nenhuma proteção do cidadão, que aparece aí somente para enfeitar e dar um aspecto cívico ao besteirol farisaico em que ela se fundamenta. O bicho, variando com as circunstâncias de tempo e lugar, precisa continuar ilegal.
Desta forma, nas mãos de um governante sagaz, é até um instrumento político de grande serventia. Seria mais fácil, mais coerente, mais econômico, mais gerador de empregos, mais racional e mais pragmático que ele fosse legalizado. Isso, contudo, poderia ser o golpe de morte num setor não tão desprezível de nossa economia, e não estou sendo irônico. Sem a ilegalidade, para onde iriam as propinas e peitas variadas que, como se diz hoje, "fazem a diferença" para milhares e milhares de chefes de família em todo o Brasil, de policiais civis e militares a autoridades dos mais diversos níveis, além de vereadores e deputados?
Pode-se desmontar toda essa complexa rede socioeconômica e suas ramificações, sem um sério impacto? E que dizer dos equipamentos usados nesse combate, seus fabricantes, distribuidores, vendedores e compradores comissionados?
Precisamos lembrar que o Rio, assim como Cabul ou Bagdá, é um dos centros urbanos onde se usa rotineiramente equipamento de combate pesado e o mercado brasileiro nessa área fica cada vez mais suculento. O que dá pra rir dá pra chorar, a morte e a violência são um bom negócio para muitos. Assim como a guerra ao jogo ilegal - e nós, os otários de costume, acreditamos e pagamos.
João Ubaldo Ribeiro é escritor, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras. Texto publicado originalmente em 18 de março de 2012, no jornal A Tarde, Salvador/BA.

De estilingue a vidraça

Teleanálise
Malu Fontes
Alguém já disse que estatística é a arte de torturar números até que eles confessem o que se pretende que eles confessem. E ainda segundo essa máxima, os números sempre confessam. Não deve ser diferente quando se trata de relativizar em proveito próprio os percentuais de audiência medidos pelo ibope para um determinado produto de televisão cuja estreia foi numericamente muito mais para lá do que para cá.
Esse foi o caso da estreia do programa TV Folha, no último domingo, das 20h às 20:30h, na TV Cultura, emissora pública do Governo de São Paulo mas com programação nacional, seja por retransmissão de parte de sua programação por emissoras regionais nos estados ou por TV por assinatura.
Promessa - Não é segredo para ninguém que se interessa por televisão e por políticas públicas de radiodifusão que a TV Cultura de São Paulo vem enfrentando nos últimos anos graves problemas financeiros, administrativos e de gestão, o que tem levado o Governo de Geraldo Alckmin a demitir dezenas de funcionários.
Nesse contexto, um dos maiores e mais prestigiados jornais impressos de circulação nacional, a Folha de S. Paulo, comprou meia hora na grade da emissora e vem há semanas prometendo revolucionar as noites televisivas de domingo, sempre reiterando que o telespectador não tem nenhuma opção na TV nas noites dominicais.
Como promessa é coisa da qual se deve duvidar sempre e infeliz de quem aposta na veracidade da concretização delas, o que o público de fato pôde ver teve muito mais de frustração do que de revelação ou revolução, seja de formato ou conteúdo.
O programa, visto sem paixões, é o que se pode chamar de bonitíssimo mas ordinário. Com mais vinhetas modernosas que informação e, como já dito, com mais promessas que informação de qualidade como produto entregue ao telespectador, a sensação que seu formato, sua forma e seu conteúdo deixaram foi a de ser um comercial bem feito para angariar novos ou manter velhos leitores da Folha no dia seguinte; um convitão publicitário para que o leitor potencial fosse fisgado no dia seguinte, seja na banca real ou nas bancas virtuais das tecnologias digitais.
Até mesmo os colunistas comumente mais compenetrados em seus textos curtos na plataforma impressa e digital do jornal resolveram se mostrar um tanto quanto histriônicos demais na triunfal estreia televisiva. De modo geral, embora meia hora em televisão seja muito tempo, a impressão era que se tinha informação demais, tempo de menos e faltavam estratégias para reter a atenção do telespectador. Algo meio ‘tudo ao mesmo tempo agora’.
Bispos - Como o jornal que pariu o TV Folha sob promessas reiteradas de revolucionar as noites televisivas de domingo faz diariamente contundentes críticas aos produtos televisivos das emissoras que disputam a tapa entre si os índices de audiência, o programa que foi ao ar não escapou da maldição da metamorfose do tipo ‘de estilingue a vidraça'.
Já no dia seguinte, a TV Record, volta e meia objeto de crítica não apenas televisiva mas objeto de grandes reportagens da Folha sobre os mundos e os fundos dos bispos que a gerem, bateu no TV Folha sem dó nem piedade: esteticamente, politicamente e numericamente. Enquanto a própria Folha anunciava que o seu programa fez a audiência da TV Cultura crescer, exatamente nesses termos, a Record tripudiava anunciando os três décimos de crescimento como um retumbante fracasso.
No horário do TV Folha, a TV Cultura detinha até domingo passado uma audiência média de 0,7 pontos percentuais, segundo o Ibope. Mesmo com toda a propaganda do novo programa, com direito a anúncio de página dupla, o TV Folha teve apenas 1,0 ponto de audiência. Os três décimos que foram anunciados pelo jornal sem pudor como crescimento da audiência da Cultura foram tripudiados até mesmo por sites cuja linha editorial é atuar como observatório da mídia.
Não apenas a Record, mas pesquisadores da área de Políticas Públicas de Comunicação, classificaram a parceria entre o jornal e a emissora pública paulista como venda de espaço em emissora pública para uso publicitário de produto privado, no caso, do jornal patrocinador do programa. Que venham as próximas edições revolucionárias ou, então, que cessem as promessas hiperbólicas.
Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. Texto publicado originalmente em 18 de março de 2012, no jornal A Tarde, Salvador/BA; maluzes@gmail.com