sexta-feira, 17 de maio de 2013

Bahia da Torcida: "Esse time não pode ser patrimônio de uma família"; veja depoimento de Jaques Wagner

"Essa torcida, esse time não pode ser patrimônio de uma família. Só tem um dono o Bahia: a torcida e a nação de torcedores", diz o governador da Bahia, Jaques Wagner, um dos seis milhões de torcedores do Bahia, insatisfeitos com a atual gestãoWagner participa do movimento Bahia da Torcida, que pede a democratização do time e a saída imediata do presidente, Marcelo Guimarães Filho. 

"Sou parte dessa nação de seis milhões de torcedores que alegra e enfeita todos os estádios. Para que essa torcida continue alegre, é preciso que definitivamente o Bahia adote a democracia", declaraAssista ao vídeo aqui e visite o site do movimento.

Protesto contra presidente do Bahia reúne 6.000 na Fonte Nova

Nelson Barros Neto

Um protesto contra o presidente do Bahia, na noite desta sexta-feira (17), colocou mais torcedores na Arena Fonte Nova do que o público do último jogo da equipe e uniu os adversários políticos Jaques Wagner (PT), governador da Bahia, e ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador. 

Os dois apareceram nos telões do estádio pedindo a saída do presidente Marcelo Guimarães Filho, 37, que comanda o time nordestino desde o final de 2008, é deputado federal pelo PMDB e se tornou alvo da torcida do Bahia pelos recentes vexames dentro de campo e a administração do cartola fora dele.

Cerca de 6.000 pessoas estiveram nas arquibancadas do estádio na manifestação por democracia e eleições diretas no clube. Dois dias antes, a equipe atuou para 1.706 pagantes em razão de um boicote promovido pela torcida, denominado "Público Zero". 

Senadores, deputados, vereadores, artistas locais, ex-jogadores do time e a primeira-dama do Estado também participaram do evento, que teve entrada gratuita e foi convocado na véspera. A cessão da arena pelas construtoras OAS e Odebrecht, donas do espaço, sugere que as empresas se juntaram ao coro de insatisfeitos com a gestão de Guimarães Filho. Na partida de quarta (15), houve prejuízo de R$ 41,3 mil para as empresas. 

Além disso, o Tribunal de Justiça da Bahia está prestes a julgar um processo de intervenção no clube, baseado na ação de um associado. Não bastasse, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi criada nesta semana para investigar o dirigente na Assembleia Legislativa. O principal organizador do protesto desta sexta foi o publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro de Wagner e do PT baiano. 
O pai de Marcelo Guimarães controlou o clube entre 1997 e 2005, ano em que o Bahia caiu para a terceira divisão do futebol brasileiro. Agora, entrará no próximo Nacional com o retrospecto de eliminado na primeira fase da Copa do Nordeste, em fevereiro; desclassificado da Copa do Brasil pelo Luverdense-MT, há dois dias; e humilhado pelo rival Vitória na decisão do Estadual, no último domingo.
O time levou 7 a 3 na mesma Fonte Nova. Desde então, o técnico Joel Santana foi demitido, o gestor de futebol Paulo Angioni entregou o cargo, 14 atletas acabaram dispensados e outros três diretores também saíram. Apesar da pressão, o presidente do Bahia disse nesta sexta que vai continuar. 
"Não existe chance alguma de renunciar. Encaro os protestos e movimentos com muita serenidade. Temos que ter calma para trabalhar", afirmou. Texto publicado originalmente em 17 de maio de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Esporte.

Assalto no Boticário acaba com um bandido morto e outro ferido no São Caetano

Kaíque Rocha Santos, de 21 anos, foi morto a tiros e Rafael dos Santos Ney, de 19 anos, foi baleado após uma tentativa de assalto na tarde desta sexta-feira (17), no bairro São Caetano, em Salvador. Por volta das 14h, eles assaltaram a perfumaria O Boticário, na Rua Direita do São Caetano, e foram baleados por um homem ainda não identificado, que passava pelo local. 

Segundo a 4ª Delegacia (São Caetano), Kaíque morreu a caminho do HGE (Hospital Geral do Estado) e Rafael está internado na unidade hospitalar. Não há informações sobre o estado de saúde dele. Testemunhas disseram à polícia que o autor dos disparos fugiu.

Filme do diretor de "A Separação" é aplaudido em Cannes

Rodrigo Salem 

Um dos filmes mais esperados da competição oficial de Cannes, "Le Passé" ("O Passado"), do iraniano Asghar Farhadi, agradou quem esperava uma espécie de drama familiar no estilo de "A Separação", seu aclamado longa anterior. O filme foi recebido com aplausos da imprensa e do público nas sessões desta sexta-feira (17). 
O diretor, que teve permissão do governo do Irã para exibir seu longa na França, onde filmou pela primeira vez, mostrou que não precisa desnudar detalhes íntimos da cultura de seu país, o grande atrativo de "A Separação", para construir um drama mais universal e satisfatório. 
"Le Passé" segue Ahmad, um iraniano (Ali Mosaffa) que retorna para Paris, após quatro anos em Teerã, para assinar os papeis do divórcio da mulher (Bérénice Bejo, de "O Artista"), que já mora com um namorado (Tahar Rahim, de "O Profeta") e seus três filhos (dois dela, do primeiro casamento, e um dele, de sua mulher, em coma). 
O tumulto emocional é disparado pela presença de Ahmad, que desconhecia (ou evitava) o grau de seriedade do relacionamento da ex-mulher. Mas não da maneira que estamos acostumados a ver em dramalhões hollywoodianos. O iraniano não está lá para criar caso e é o mais consciente de todos sobre o fim da relação e o passo que todos precisam dar para o futuro. 

Inconscientemente, todos os outros personagens estão atados ao passado, alguns com segredos que levam o filme a ter diversas reviravoltas. Texto publicado originalmente em 17 de maio de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Ilustrada.

Três homens se passam por policiais e são presos em Salvador

Três homens que se passavam por policiais militares foram presos em flagrante no bairro Fazenda Grande I, em Salvador, na manhã desta sexta-feira (17). Segundo a 3ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM-Cajazeiras), Adson Rosário dos Santos, Jorge Luis Oliveira da Silva e José Francisco Coelho Filho usavam distintivos falsos da Polícia Militar e enganavam motoristas e comerciantes do bairro com multas como estacionamento irregular.
Os acusados estavam em um Citroën Xsara Picasso. Com eles, foram apreendidos uma pistola Taurus calibre 380, 12 munições, algemas, carteiras de detetive particular e documentos de seis veículos. Eles tinham passagem pela polícia por homicídio, furto e violação sexual.
Os criminosos foram encaminhados para a 9ª Delegacia (Boca do Rio). Eles vão responder por estelionato, formação de quadrilha e usurpação de função pública.

Joias avaliadas em mais de US$ 1 milhão são furtadas de hotel em Cannes

Joias avaliadas em mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões) foram furtadas de um quarto do Suite Novotel, no centro de Cannes (sul da França), na noite desta quinta-feira (16). As joias, feitas pela joalheria suíça Chopard, seriam usadas por atrizes e modelos na cerimônia de entrega da Palma de Ouro, no próximo dia 26.
Segundo a polícia, os criminosos invadiram o quarto do hotel em que estavam funcionários da Chopard, retiraram o cofre da parede e levaram as joias. Ainda não há informações sobre os suspeitos do crime. As informações são do Hollywood Reporter.

Casa lotérica é assaltada no bairro da Graça

Dois homens armados assaltaram a casa lotérica Mega Sorte no início da tarde desta sexta-feira (17), no bairro da Graça, em Salvador. O crime aconteceu por volta das 12h30 na Rua da Graça número 406. Segundo a 11ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM-Barra/Graça), os criminosos renderam os funcionários e clientes da lotérica e anunciaram o assalto. Eles roubaram o dinheiro dos caixas e dos clientes, além de bolsas, celulares e dinheiro das vítimas. Um terceiro assaltante esperava os comparsas do lado de fora. Eles fugiram em um Volkswagen Voyage preto roubado.

Aeroporto Santos Dumont permanece fechado para pousos e decolagens

O aeroporto Santos Dumont, que fica no centro da capital fluminense, está fechado para pousos e decolagens por conta da falta de visibilidade. De acordo com a Infraero (estatal que administra o aeroporto), as operações de pousos e decolagens estão suspensas desde as 6h45 desta sexta-feira (17). Dos 86 voos programados, 50 (61%) foram cancelados e 36 (43,9%) estão com atrasos, segundo balanço divulgado pela Infraero ao meio-dia. 
Por volta das 11h30, dez pousos haviam sido desviados para o aeroporto do Galeão. As filas nos balcões de check-in das companhias aéreas são longas. A todo instante, o sistema de som informa o fechamento das pistas. Não há previsão de reabertura. Os passageiros que pretendem embarcar no aeroporto Santos Dumont devem entrar em contato com a Infraero (0/xx/21/3814-7246) e com as empresas para verificar a disponibilidade do voo.

Piaget

Fernanda Torres 

Pirro de Élis, sábio grego que visitou o Oriente na companhia de Alexandre, julgava ser impossível conhecer a verdade absoluta do que quer que seja. Pirro fundou a doutrina do ceticismo, contrária ao dogmatismo. Toda certeza é perigosa, bem faz o filósofo em desconfiar delas. Para uma mãe, no entanto, é impossível atingir a placidez dos céticos. 
A maternidade é irmã da angústia. O antídoto mais comum para a impotência perante o destino, o acaso e as intempéries é a religião. Como alternativa, Pirro sugere um estado de indiferença consciente: a ataraxia. A pequenez humana requer serenidade. Pirro deve ter aprendido sobre o desapego com os orientais, era homem e não teve filhos. 
Eu sigo engalfinhada com os dilemas insolúveis, sou mulher, ocidental e mãe de dois. Teimo no ideal. Ouço os que defendem o ensino tradicional e concordo com os catedráticos, a disciplina é a ponte para o saber. Troco duas ideias com os construtivistas e me convenço de que a cartilha repetida à exaustão é um atentado à criatividade infantil. O espírito investigativo é a porta do conhecimento.
À eficácia relativa das diferentes correntes de educação soma-se a pressão da fluência no inglês. Colégios bilíngues forjam bebês poliglotas, provando que o domínio de um idioma exige prática intensiva na infância. Corra e garanta vaga. A comunicação é a ferramenta do futuro. Mas o porém de criar um ser alheio à própria cultura e dotado de um português de segunda invade a alma. E volto à estaca zero da incerteza sem fim.
Venho de uma família de artistas autodidatas, franco-atiradores guiados pelo instinto. São péssimos exemplos. Dos parentes, só um primo fez faculdade. Como se não bastasse a falta de acadêmicos no DNA, sou cria de Piaget, ou do que aqui se convencionou chamar de método Piaget. Quando eu era alegre e jovem, o construtivismo traduzia os valores contrários à nefanda censura. A escola experimental prometia dar aos alunos a liberdade negada aos pais.
Quarenta anos depois, Steven Pinker condena Piaget com a mesma ferocidade com que desdenha de Oscar Niemeyer. Em um discurso disponível no site da TED (fundação privada sem fins lucrativos dedicada à disseminação de ideias), o psicólogo americano, personificação do pragmatismo científico, garante que não há apuro sem treino árduo. 
Creio na ciência e no sacrifício, mas o argumento do cientista remete às mães chinesas, fábricas de infantes virtuoses, mas donas de uma severidade que põe em xeque o valor do gênio engendrado a fórceps. Em "Bouvard e Pécuchet", Gustave Flaubert denuncia as fragilidades da ciência e da arte, fazendo, dos dois personagens centrais, cobaias voluntárias dos compêndios de saber do século 19. Nada escapa: a agricultura, a arqueologia, a política, a literatura, a religião, a medicina.
No capítulo dedicado à educação, os copistas tornam-se preceptores de um casal de irmãos rebeldes. Convencidos de que a boa formação é a única saída para o descaminho da humanidade, aplicam as inúmeras teorias educacionais nos pivetes. Nenhuma age sobre a índole das pestes. Após o fracasso com a matemática, a gramática, a música, a história e a geografia, desistem da experiência ao dar com os pupilos no fogão, cozinhando o gato da casa em água fervente.
Flaubert era cético. E cínico. Morreu de sífilis, contraída nos bordéis que frequentou com afinco, não casou e nunca foi pai. Mais uma vez, é fácil exercer a descrença quando não há crias por perto. Fui devota de Flaubert na juventude. Hoje, impedida pelo amor materno de ser niilista e mordaz à sua maneira, leio "Os Miseráveis" e invejo o positivismo romântico de Victor Hugo.
A Revolução Francesa é mãe da eloquência de Hugo. Flaubert a admira, embora confesse em "A Educação Sentimental" que não arriscaria uma unha por suas bandeiras.
O mundo anda mais para Flaubert do que para Hugo. Menos dado a grandes causas e mais afeito à ataraxia estatística. O espírito demolidor do francês é mais fiel à crise moral do presente. Talvez a dificuldade em definir a escola de meus rebentos seja reflexo desta dualidade. Quando nasci, a ideologia fundada em 1798 ainda guiava a política, a economia e a educação. Não mais. Texto publicado originalmente em 17 de maio de 2013, no jornal Folha de São Paulo.