sábado, 7 de julho de 2012

Na moral? Desligue a TV e vá ler um livro. Mas volte

Malu Fontes

Nas últimas semanas, não apenas o telespectador, mas o leitor de jornais, de sites, o dono de qualquer conta de e-mail, usuário de redes sociais e qualquer brasileiro que não esteja em Marte vem sendo bombardeado com saraivadas de informação emitidas com potência de míssil publicitário pela Rede Globo sobre as estreias de Gabriela, Fátima Bernardes e Pedro Bial.

A divulgação é tão massiva que o público fica sabendo delas mesmo involuntariamente, mesmo que não tenha o menor interesse em ver tais atrações. E a Globo, quando se trata de jornalismo de umbigo, ou seja, de transformar em pauta seu próprios produtos, é mais eficiente que milagreiro.

Saco de vento - Nesta quinta, Bial estreou o seu "Na Moral", anunciado aos quatro ventos como um programete cabeça, para discutir em profundidade temas decolados e com convidados e atrações idem. A primeira edição foi um assombro do que a TV é capaz de dizer e fazer para convencer o público médio de que usa verniz quando, na verdade, oferece madeira de demolição corroída de cupim.

O programa, antes de tudo, exige uma maratona de teimosia do público, pois, para chegar a ele, era preciso esperar as peripécias peripatéticas do casamento do parlapatão Cadinho em Avenida Brasil, passar pela Grande Família, arranhar os ouvidos com a baianidade caricata prosódica do elenco de Gabriela e finalmente deparar-se com o saco de vento de Bial.

No pau do gato - Dizendo-se um programa de debate, Na Moral é, como se deve esperar de debates na TV aberta, pílula de farinha fast food disfarçada de conversa cabeça. Na estreia, o programa já disse o quanto está disposto a brincar de circo. Num tapete com ares de persa fake da 25 de março, colocou um elenco improvável mas apropriadíssimo para esse tipo de atração: um professor de filosofia, Luiz Felipe Pondé, hoje o intelectual mais badalado da mídia eletrônica e de revistas ditas antenadas, e já chamado no Twitter de Caco Antibes da filosofia, por suas posições arrasadoras sobre o politicamente correto e sobre tudo o que diz respeitos aos ditos fracos e oprimidos.

Ou frascos e comprimidos, como prefere Rita Lee; uma gostosa, desbocada e decotadíssima, Maria Paula, agora se reivindicando psicóloga, com nada a dizer sobre tudo a partir do seu batom carmim (a sua pérola da noite foi confessar que, ao invés de cantar ‘atirei o pau no gato’, prefere mesmo é se atirar no pau do gato (sic)) e um professor com trejeitos de cientista maluco para fazer exatamente o papel do freak circense: Antonio Carlos Queiroz, o autor da Cartilha do Politicamente Correto, segundo ele censurada pelo então presidente Lula.

Queiroz usava uma boina quadriculada que não ficaria bem na TV nem na cabeça de um inglês com cachimbo e parecia, com uma caneta baratinha na mão, estar em cima de um caixote na praça, vociferando contra os impropérios cometidos contra Tia Nastácia, o Saci e não sei mais quem.

Aliado a isso, Alexandre Pires bancando um DJ que não tocava nada, instalado num cenário hype, ilustrado com grafismos, objetos vintage e um livro vermelho de arquitetura, para dar um ar descolado, claro. Ah, e tinha ainda um ineditismo: a primeira platéia completamente muda da TV Brasileira. Mas é preciso confessar: mesmo muda e imóvel, fica mil vezes melhor na fita que a espalhafatosa e inacreditável platéia collor block desocupada de Fátima Bernardes.

Já Bial, cada vez que aparecia e começava a falar em close, dava a nítida impressão que iria anunciar com os teasers de sempre o eliminado do dia do BBB. E o mais engraçado: com tanta gente e um assunto anunciado como tão sério, a ditadura do politicamente correto e o assédio sexual e moral no trabalho, o tempo era inexistente: meia hora. Descontado o tempo dos intervalos comerciais, o tempo de um cochilo, já que passava da meia noite.

Açougue - Sim, na TV aberta, a receita para um debate profundo e cabeça é juntar uma fauna, um apresentador fazendo o tipo gatão de meia idade, durar meia hora, não deixar ninguém dizer nada que ultrapasse a faixa dos segundos e terminar como tudo termina na cultura de massa: no mercado das carnes. Ao final, atores vestidos de macaco e um açougue de mulheres de biquínis exíguos, metros de bunda, trocentos mililitros de peitos e coxas que fazem as mulheres horti-fruti parecerem sílfides, pagodeavam rebolizantes no vídeo.

O melhor do primeiro Na Moral foi a deixa possibilitada pela trilha sonora de encerramento. Os créditos do programa subiram ao som de Falcão, o ícone pop do brega kitsch, entoando ‘homem é homem, menino é menino e viado é viado”. É mesmo. E TV é TV, entretenimento em pílulas aceleradas que divertem anunciando que debatem.

Quer debater ou aprender alguma coisa? Recupere o mantra engraçadinho que a MTV tinha há tempos: desliga essa TV e vai ler um livro. Mas volte, pois, na moral, quem gosta de profundidade é escafandrista ou os interessados nas técnicas de propulsão do Pré-Sal.

Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. Texto publicado originalmente em 07 de julho de 2012, no jornal A Tarde, Caderno 2, p. 05, Salvador/BA.

Recém-nascido é sequestrado em Saquarema (RJ)

O bebê Gustavo, de quatro dias, que ainda não tinha sido registrado, foi sequestrado na noite desta sexta-feira (06) na casa da sua avó materna, Patricia Sabino, em Bacaxá, distrito de Saquarema (a 119 km do Rio de Janeiro), segundo a polícia. De acordo com a avó da criança, por volta das 20h ela estava em sua casa com a filha, Gabriela Sabino Ferreira, de 17 anos, mãe do recém-nascido, quando dois homens armados e encapuzados arrombaram a porta.
Mãe e filha contaram à polícia que eles procuravam por um homem chamado Marcelo e cobravam o dinheiro de uma dívida. Patricia e a filha disseram que não conheciam ninguém com esse nome e que não tinham dinheiro. Eles então sequestraram a criança e entraram em um veículo, onde um terceiro homem aguardava.
Segundo o delegado Luciano Coelho, da 124ª Delegacia de Polícia (Saquarema), vizinhos da avó já prestaram depoimentos, mas ela e a filha estavam em choque na sexta-feira. Elas serão ouvidas hoje (07), informou o delegado.

Homem é morto a tiros em Madre de Deus (BA)

Um homem identificado como Rawilton Matos Andrade, de 36 anos, foi morto com três tiros na cabeça por volta da 6h30 desta sexta-feira (06), no município de Madre de Deus (a 63 km de Salvador). De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) da Bahia, Rawilton Matos foi baleado na esquina de uma rua da avenida Milton Bahia Ribeiro.
Uma testemunha disse à polícia que viu dois homens correndo atrás de Rawilton e disparando tiros. Ele chegou a ser socorrido no Hospital Municipal Dr. Eduardo Ribeiro Bahiana, mas não resistiu aos ferimentos.
Nenhum suspeito foi preso. O caso foi registrado na 17ª Delegacia (Madre de Deus) e será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Morre morador de rua que teve 60% do corpo queimado por quatro homens em Salvador

O morador de rua Daniel Pinto dos Santos, de 26 anos, que teve 60% do corpo queimado por quatro homens na madrugada deste sábado (07) em Salvador, morreu por volta das 11h30 deste sábado, segundo informou o HGE (Hospital Geral do Estado).
O crime aconteceu na madrugada de hoje, na Avenida Joana Angélica. Daniel estava dormindo em um papelão, quando quatro homens chegaram em um veículo por volta das 2h, jogaram gasolina e atearam fogo ao corpo do morador de rua. A polícia não soube informar o veículo.
Daniel sofreu queimaduras graves em 60% do corpo e estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HGE, mas não resistiu aos ferimentos.

"Vivemos um momento de muita artificialidade"

Marcos Dias
A psicanalista Urania Tourinho Peres costuma aproximar a psicanálise não só da literatura, mas da cultura, em sentido amplo. Leitora de Marcel Proust, a quem considera “um mestre da alma humana”, mas também de Fernando Pessoa, Rainer Maria Rilke e Manuel Bandeira (que lhe dedicou o poema Urania Maria, integrante do livro Mafuá do Malungo), se referiu à psicanálise, certa vez, como “a poesia de cada um”.
Teve o privilégio de fazer dança com Yanka Rudska e assistiu aulas com os memoráveis Domitila Amaral, Koellreutter, Martim Gonçalves e Yulo Brandão, nos anos do reitorado de Edgard Santos na Ufba. Quando sentiu que a psicanálise teria uma centralidade em sua vida, ainda não havia psicanalistas em Salvador.
Foi pioneira, nos anos 1980, ao fundar o Colégio de Psicanálise da Bahia, promovendo congressos internacionais na capital baiana com grandes nomes da psicanálise da Argentina e da França. “A psicanálise é complexa, ela não se serve de regras que visem ensinar uma determinada maneira de leitura da realidade. A psicanálise é criativa, inventiva, e por isso mesmo próxima da arte”, diz ela.
Autora de livros como Ensaios de Psicanálise (Escuta, 1999) e Depressão e Melancolia (Jorge Zahar, 2003), entre outros, ela confirma nesta entrevista o que Bandeira disse sobre seu nome: “Em ti se vê, Urania Maria, unir-se um a outro, infinito, o mito à sabedoria”.
Na sua opinião, o que torna as pessoas felizes?
Freud diz uma frase interessante: “O projeto de que o homem seja feliz não se encontra no plano da Criação”. Esta afirmativa nos permite pensar que a felicidade tem que ser conquistada. Eu diria que vários fatores, como em qualquer conquista na vida, estão implicados nessa procura. Pensar a felicidade como um estado permanente é impossível. Agora, o que torna o homem feliz não tem uma única resposta, pois somos constituídos em nossas diferenças.
Podemos, contudo, afirmar que, atendidas as condições razoáveis de sobrevivência, o caminho para a felicidade será facilitado. Acontece que grande parte da humanidade sobrevive sem os recursos mínimos de existência, mas, ainda assim, submergidos em uma condição de extrema carência, encontramos os rastros da alegria e, por que não, os lampejos da felicidade; assim como sabemos, também, que a riqueza material não é garantia de um saber viver.
Em O Mal-estar na Civilização, Freud diz que as causas do sofrimento humano residem nas ameaças da natureza, no processo de envelhecimento e morte e, sobretudo, na relação entre as pessoas. Os seres humanos se odeiam?
Freud enumerou essas três causas e fez a observação de que a mais grave, a mais difícil, era o relacionamento entre os homens. O amor, como o ódio, está presente na humanidade. Você me pergunta se os seres humanos se odeiam… Nós temos tido infinitas manifestações de predomínio do ódio; as guerras, por exemplo.
O século 20 foi considerado o mais atroz da humanidade. Ele afirmava que “as pessoas não são as criaturas gentis que acreditamos que elas sejam”. Enfatizava a carga de hostilidade, de competitividade que o ser humano traz e que é uma das maiores fontes do sofrimento. Mas também observava que o “bom humor” é um indicativo de boa saúde mental, desfrutar a alegria, ter a capacidade de fruição das coisas simples, como a beleza de uma rosa. Nessa capacidade de fruição, de sideração, não podemos deixar de mencionar a criança portadora de um olhar, mistura de curiosidade e espanto já perdidos para os adultos. É possível que este olhar ainda possa ser encontrado entre os artistas.
Mas o amor frequentemente não está sozinho, as relações costumam ser de amor e ódio.
Com certeza. Mesmo a relação mãe e filho, como protótipo da relação amorosa, não é uma relação desprovida de ódio. Nenhuma relação o é. Uma mãe sofre em todo o seu relacionamento com o filho, e isso provoca nela uma natural reação raivosa. Agora, claro que essa raiva é temperada por um grande amor, quando há amor.
No seu livro Depressão e Melancolia, você afirma que o ser humano não vive sem o seu sofrimento.
Você acha que vive? Vive não. Existem algumas pessoas que têm mais dificuldade em superar o sofrimento; outras, mais facilidade. A questão central está na maneira como as perdas são suportadas e vividas, como os lutos são vividos, porque a vida é uma permanente sucessão de perdas. O bebê, ao nascer, já perde todo o envoltório da placenta que o protegia, e tem cortado o seu cordão umbilical. E a entrada na vida é marcada pela necessidade do grito.
Para alguns, o passado tem uma força predominante, outros conseguem neutralizar essa força do vivido e podem posicionar-se melhor no presente e nas expectativas futuras. A psicanálise conduz o sujeito a questionar a sua posição de infelicidade, a interrogar-se: por que tanto insucesso e infelicidade? Interrogação que poderá exatamente retirá-lo dessa posição sofredora.
A psicanálise desenvolve-se há mais de um século, e, mesmo assim, não parece que as relações estejam melhores…
Se o homem não vive sem o seu sofrimento, também não vive sem os seus conflitos. No início do século 20, muita expectativa foi depositada na conquista da “liberdade sexual”. O próprio Freud considerava que no dia em que surgisse um anticoncepcional efetivo, homens e mulheres desfrutariam de uma sexualidade mais plena. De certa forma, conseguimos essas duas conquistas; entretanto, nem por isso a vida sexual das pessoas perdeu os seus entraves. Homens e mulheres ganharam a liberdade no sexo, mas perderam muito do encontro amoroso.
A transitoriedade das relações, a fugacidade dos encontros provocam uma frustração afetiva e um desencanto quanto à possibilidade de constituição de uma família. Não há diferença, quer se trate do homem ou da mulher, pois ambos buscam a felicidade, e o amor é um caminho para essa conquista. O que constatamos é que, apesar das conquistas, dos ganhos nos relacionamentos que indiscutivelmente são mais sinceros, os sintomas que fazem sofrer continuam a existir.
Há muita cobrança?
Na competitividade reinante em nossa sociedade, a exigência com o desempenho é generalizada, inclusive no sexo. Hoje, é comum o jovem medicalizar o seu desempenho sexual, pois existe uma pílula para lhe dar a garantia. A força do desejo fica em segundo plano. Estamos vivendo um momento de muita artificialidade. Não é uma constatação saudosista, pois bem sabemos das dificuldades de nossos antepassados e de nossas conquistas atuais, porém é certo que os conflitos continuam, e a guerra marca a sua presença em nosso século, lamentavelmente.
O que está em jogo na análise?
Tudo. O sujeito com todas as suas inquietações. Um psicanalista pode ser procurado por alguém com um conflito sentimental, uma irrealização amorosa e sexual, um desencontro profissional, por um sentimento de profunda tristeza e incapacidade frente à vida, mas também em busca de autoconhecimento. Cada qual chega com sua bagagem de dores e incertezas, mas chega sempre com interrogações.
A análise é uma possibilidade de reconstruir sua história pessoal. As palavras aprisionam, porque, através delas, construímos uma história que nos cristaliza. E o inconsciente nos conduz à crença de que, por trás desse aprisionamento da história infantil, ou sendo mais precisa da neurose infantil, podemos descobrir e construir uma outra história. Não mais uma história que nos foi imposta e nos alienou, mas a certeza da nossa possibilidade de autonomia.
De certa forma, somos constituídos pelo que os outros nos dizem que somos, dizeres que vão alimentando a nossa identidade. Uma análise vai propiciar uma releitura de todo esse processo necessário, mas alienante. Uma psicanálise nos faz mudar de posição na vida. Não é um acontecer simples, é complexo.
Quando você muda sua posição na vida, você também muda a leitura que você faz do outro e das circunstâncias da sua vida. Abreviando, podemos dizer que dois eixos marcam o percurso de uma análise: um, guiado pela pergunta: quem sou eu? O outro eixo, por outra pergunta: como estou existindo? Identidade e existência.
Você se refere à psicanálise como “a poesia de cada um”.
O poeta liberta a palavra do sentido, o psicanalista também trava uma luta com a palavra e com o sentido; um produz uma obra de arte cujo reconhecimento vem do público; o outro também trabalha em uma construção, digamos, um poema interior, porém possível de ser lido apenas por quem o escreveu e leu. Há muitos anos, é verdade, escrevi um texto ao qual intitulei Psicanálise, Poesia de Cada Um.
Acho que me inspirei em Carlos Drummond de Andrade, que, em uma entrevista concedida à Revista Manchete, e perguntado pelo jornalista se ele havia em algum momento de sua vida feito uma análise, respondeu: “A minha poesia é o meu divã de analista”.
Como aproxima a psicanálise e a arte?
Não apenas por uma questão de bagagem cultural aproximo a psicanálise da arte, da poesia, mas, sobretudo, pela leitura que faço do inconsciente. A psicanálise tem uma sustentação na ciência, mas ela se desenvolve através da arte; a psicanálise tem que ser criativa.
É muito frequente o analisando demonstrar o anseio por uma palavra que supostamente acalmaria o seu intenso sentimento de vazio interior, a sua angústia, o seu sofrimento. Acho que o ponto de partida para qualquer que seja a criação humana é sempre o mesmo: a interrogação sobre o sentido da vida e o temor pelo vazio da existência.
Vira e mexe, alguém decreta o fim da psicanálise e surgem técnicas terapêuticas. O que pensa a respeito?
Não tenho a menor dúvida da permanência da psicanálise, da imortalidade freudiana. É verdade que diferentes modalidades terapêuticas vão surgindo, mas, se pensarmos bem, o ponto de partida é sempre freudiano: a escuta do paciente. A psicanálise é complexa, ela não se serve de regras que visem ensinar uma determinada maneira de leitura da realidade.
A psicanálise é criativa, inventiva e, por isso mesmo, próxima da arte. É impossível a existência de um manual psicanalítico. Ela procura ultrapassar a constituição alienante pela qual fomos formados e, exatamente por isso, fica fora de uma didática da existência. Se as ofertas terapêuticas estão aumentando é que está havendo maior demanda, e nem todos têm de fato desejo de análise.
Muitas vezes, a procura é apenas para uma resolução sintomática, e, quando essa ocorre, a pessoa faz a opção de não prosseguir em análise. Está bem a decisão, pois o psicanalista sabe que uma psicanálise não pode ser imposta, e que se a resolução terapêutica dos sintomas foi suficiente para o sujeito, ele tem todo o direito de se satisfazer com ela.
O psicanalista sabe também, e, se não sabe, deveria saber, que, frente à intensidade de um sofrimento, a sua primeira preocupação deve ser terapêutica. Entrevista publicada originalmente em 07 de julho de 2012, na revista Muito.

Casal é encontrado morto com marcas de enforcamento na loja da família em Nova Friburgo (RJ)

Sid Bittencourt Miranda e Maria de Lourdes Miranda, que aparentavam ter 60 anos e eram donos de uma revendedora de motocicletas no bairro de Olaria, em Nova Friburgo (a 136 km do Rio de Janeiro), foram encontrados mortos dentro da loja do casal, por volta das 10h deste sábado (07), segundo a polícia.
De acordo com a SSP (secretaria de Segurança Pública) do Rio de Janeiro, as vítimas apresentavam marcas de enforcamento. O nome da loja não foi divulgado.
Segundo informações da 151ª Delegacia de Polícia (Nova Friburgo), a loja e o carro do casal foram roubados. Inicialmente, a polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo seguido por morte). Os corpos foram encontrados por um vizinho da loja, que ligou para a polícia, após estranhar o estabelecimento fechado.

Paraty em prosa e verso

Jorge Forbes, de Paraty, especial para IstoÉ Gente
A convite da IstoÉ Gente, o psicanalista Jorge Forbes escreve sobre a abertura da Flip
Foi com um ato falho freudiano que a Festa Literária de Paraty deste ano começou. Luis Fernando Verissimo, como sempre fazendo o elogio deseu aparente sintoma de timidez, conta à plateia lotada que, da vez anterior que ali esteve, trocou Flip por Clip. Do seu erro fez um acerto para declamar os dez anos do evento, a partir da equivocada letra "C": "Um conluio de ideias, um convênio de cérebros, uma convergência de tipos e talentos, uma catarata de conceitos e cantares, um carrossel de criações e catarses e contestações e casos e catequeses."
Silviano Santiago, na mesa inaugural, academicamente fez o seu elogio a Drummond, homenageado do ano, indo do conceito à poesia. Em seguida, Antonio Cícero trilhou o caminho em sentido contrário, indo da poesia – de uma poesia, "A Flor e a Náusea" - ao conceito. A Lua do lado de fora sorriu.
Que eu me lembre, pela primeira vez faz sol e calor na Flip. Demorou dez anos! Nada de vestuário St. Germain-des-Prés, para a tristeza dos que só sabem pensar com um cachecol no pescoço. A presença feminina - e já muito lida no tempo – é a maioria.
Lenine fez o show de abertura no palco que já foi de Maria Bethânia e de José Miguel Wisnik em edições anteriores. Você viu? O calçamento de Paraty continua fazendo a festa da memória e dos ortopedistas. Ela passa e levanta o olho; ele bem que vale uma topada.
Sobre as pedras de Paraty, velhas pernas jogam amarelinha, tendo o livro como o céu. Na noite de abertura (quarta-feira 4), restaurante sem televisão ficou sem cliente. A fome de gols era maior que a de camarão. Depois da vitória corintiana, onde jantar? Os restaurantes fecharam! Com essa mistura de vida de autor com de leitor, banhada no cenário barroco e iluminada por um sol que explode no espelho do mar, tudo fica incriticável, tudo fica como sempre deveria ter ficado.

Bandidos assaltam casa lotérica na avenida Joana Angélica, em Salvador

Cinco homens assaltaram uma lotérica na manhã deste sábado (07), na avenida Joana Angélica, próximo ao Colégio Central, no bairro de Nazaré, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, dois funcionários e seis clientes estavam no estabelecimento, quando três suspeitos entraram e anunciaram o assalto, por volta das 8h.
Testemunhas disseram à polícia que outros dois bandidos aguardavam do lado de fora em um Volkswagen Gol branco (a placa não foi divulgada). Os criminosos renderam os funcionários e roubaram todo o dinheiro dos caixas, além de objetos pessoais dos funcionários e dos clientes.
A polícia não soube informar o valor roubado. Os bandidos fugiram e até as 13h a polícia não tinha informação sobre os suspeitos. O caso será investigado pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos.

Morador de rua é encontrado morto no Stiep; é o segundo caso registrado hoje em Salvador

Das 2h até as 11h deste sábado (07), dois moradores de rua foram mortos em Salvador. Nesta madrugada, Daniel Pinto dos Santos, de 26 anos, foi queimado por quatro homens no bairro de Nazaré. Ele foi internado no HGE (Hospital Geral do Estado) e morreu hoje, por volta das 11h30.
Na manhã deste sábado, outro morador de rua foi encontrado morto na capital baiana. O corpo do homem, ainda não identificado, aparentando ter 25 anos, foi encontrado no bairro Stiep, por volta das 11h, segundo a polícia.
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) da Bahia, a vítima estava em um córrego próximo à Casa de Eventos Unique e tinha cinco perfurações de bala. Um homem que passava pelo local viu o corpo e ligou para a polícia. O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Nenhum suspeito foi identificado.

Imagens de guerrilheira do Araguaia são achadas em arquivo

Um álbum de seis fotografias da militante Maria Lúcia Petit, morta em 16 de junho de 1972, em Pau Preto, no Araguaia, junta-se agora ao acervo conhecido da aventura armada que enfrentou a ditadura naquela região. As fotos do corpo de Maria Lúcia, então com 22 anos, foram localizadas pelo Estado no Arquivo Nacional, em Brasília. Estavam no anexo solto de um documento, ainda desconhecido, do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações).
Com a nova Lei de Acesso à Informação (LAI), o acesso à pasta tornou-se possível. As fotos aparecem numeradas, indício de que faziam parte de um álbum maior. Até agora, conhecia-se apenas um close do rosto de Maria Lúcia, divulgado pelo jornal O Globo, em 1996.
Professora primária em São Paulo, Maria Lúcia tinha ido para a região do Araguaia com os irmãos Jaime e Lúcio. Foi capturada em uma emboscada dois meses depois de o Exército ter chegado à região. Nessa primeira fase dos combates, o Exército mantinha os prisioneiros vivos e enterrava os mortos em cemitério público. Maria Lúcia foi enterrada no cemitério de Xambioá, na margem direita do Araguaia, no atual Tocantins.
"O importante é localizar os corpos. Queremos aqueles arquivos que indicam onde os corpos estão, para os devolvermos às famílias, defende Laura Petit, irmã de Maria Lúcia.
"A pergunta que faço é exatamente esta: por que só aparecem documentos de pessoas já localizadas? Por que só Maria Lúcia? Queremos o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, e que se faça justiça", insiste Laura, enfatizando que sua irmã morreu em 1972 e a família demorou 24 anos para poder sepultá-la. Texto publicado originalmente em 07 de julho de 2012, no jornal O Estado de São Paulo, Caderno Política.

Morador de rua é agredido e tem 60% do corpo queimado em Salvador

O morador de rua Daniel Pinto dos Santos, de 26 anos, teve 60% do corpo queimado enquanto dormia na madrugada deste sábado (07), no bairro de Nazaré, em Salvador. Ele está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HGE (Hospital Geral do Estado) em estado grave.
Segundo informações da 41ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Federação), Daniel estava dormindo sobre um papelão na Avenida Joana Angélica, quando quatro homens chegaram em um veículo por volta das 2h, jogaram gasolina e atearam fogo ao corpo do morador de rua. A polícia não soube informar o veículo.
Daniel conseguiu fugir, correu até a Estação da Lapa e foi socorrido por uma viatura da 41ª CIPM. Segundo o boletim médico, ele sofreu queimaduras de primeiro grau no rosto e no pescoço, e de segundo grau nos braços. De acordo com a 1ª Delegacia de Polícia (Barris), ainda não há suspeitos.