sábado, 4 de junho de 2011

Caso ex-goleiro Bruno: um ano depois, sumiço de Eliza ainda tem lacunas

Um ano depois do desaparecimento de Eliza Samudio, ainda há uma série de lacunas sobre o que ocorreu com a ex-namorada do ex-goleiro Bruno Fernandes. Além de Bruno, outras três pessoas estão presas e um adolescente internado acusados de envolvimento com a morte da ex-modelo.
A suspeita é que o grupo se uniu para matar Eliza, que teria pressionado o goleiro Bruno a reconhecer o filho.Segundo o Ministério Público, os principais suspeitos de participar do sequestro e morte de Eliza são Luiz Henrique Romão, o Macarrão, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e o adolescente primo de Bruno.Rastreamento dos telefonemas feitos pelos suspeitos em 10 de junho de 2010, quando Eliza foi vista pela última vez, evidencia ao menos uma lacuna.
A acusação diz que Macarrão levou Eliza de carro para Vespasiano (na Grande Belo Horizonte) onde ela foi morta pelo ex-policial Bola. O adolescente estaria junto.O grupo, segundo a Promotoria, encontrou-se antes na região de Pampulha, por volta das 21h, e cerca de uma hora depois Bola fez um telefonema já em Vespasiano.
Ocorre que Macarrão fez uma ligação, por volta das 22h, ainda na região da Pampulha, distante de Vespasiano, o que sugere que ele não estava no local do crime.O relatório da polícia omite essa informação e a denúncia da Promotoria à Justiça também não traz detalhes dos trajetos feitos pelos acusados entre a Pampulha e Vespasiano, bem como o tempo gasto com isso.
O rastreamento está em anexo sigiloso do processo ao qual a Folha teve acesso.Para o advogado de Macarrão, Patrick Berriel, o rastreamento só permite suposições sobre onde estaria seu cliente naquela noite. Especialistas em investigação dizem que o rastreamento não pode ser utilizado como prova cabal porque pode indicar localizações imprecisas.
Além dessa lacuna sobre as ligações, a principal questão desse crime é a inexistência do corpo da vítima.Para o desembargador Xavier de Aquino, do Tribunal de Justiça de SP, uma série de indícios não substitui a materialidade de um crime -sem corpo, não há crime.
O promotor Gustavo Fantini diz que um assassino profissional (como Bola é descrito) não faria seu "trabalho completo" diante de Macarrão e do menino, os clientes.
Para o advogado Cláudio Dalledone Júnior, defensor de Bruno, não existe prova do crime ou da participação do goleiro como mandante.
O julgamento de Bruno e dos outros acusados ainda não tem data para acontecer.

Justiça paulista condena homem morto desde 2008

A Justiça de Ribeirão Preto condenou nesta semana a 30 anos de prisão um homem que está morto desde 2008. Parentes de Jair Francisco Manoel Júnior afirmaram perante o júri que assistiram ao sepultamento do réu. Mesmo assim, ele foi condenado por homicídio duplamente qualificado, por crime em 2000.
O Tribunal de Justiça de São Paulo diz que a defesa não entregou a certidão de óbito do condenado - portanto, para efeito jurídico, ele não está morto. O advogado de defesa, Luiz Carlos Martins Joaquim, afirma que entregou a certidão de sepultamento após o julgamento, mas a Justiça diz que o documento não está nos autos.
O advogado vai recorrer e ainda alega que Manoel Júnior é inocente.Jânio Rodrigues Oliveira, chefe do 1º Cartório de Registro Civil de Goiânia, afirma que Manoel Júnior foi assassinado a tiros, como atesta certidão de óbito emitida pelo estabelecimento. O caso se assemelha ao revelado pela Folha em maio. Um médico enterrado no cemitério São Paulo está entre os 2.700 mortos na lista de procurados pela Justiça.

Cabral chama bombeiros presos de "vândalos" e troca comando da corporação

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), chamou neste sábado (04) de "irresponsáveis" e "vândalos" os bombeiros que invadiram na noite de ontem (03) o quartel da corporação, no centro da cidade. Cabral anunciou o coronel Sergio Simões como novo comandante do Corpo de Bombeiros e subsecretário de Defesa Civil do Estado, no lugar do coronel Pedro Machado. Veja momento em que Bope invade quartel dos bombeiros no Rio "Esses 440 irresponsáveis vão responder a processos administrativa e criminalmente. A abertura do processo disciplinas já foi determinada, a criminal cabe ao Ministério Público", disse ele após passar mais de quatro horas reunido com diversos secretários, além da procuradora geral do Estado, Lúcia Lea, e o comandante-geral da Polícia Militar, Mario Sergio Duarte.
Ele criticou ainda o argumento usado pelos bombeiros para protestar, que são os baixos salários. "Não é verdade que é o pior salário do Brasil. E mesmo que fosse, não justificaria a invasão. Já há um programa de recuperação salarial dos bombeiros na Alerj. Se ainda não é a ideal, é a melhor do Estado do RJ até agora", disse Cabral.
Os bombeiros estão em campanha salarial há um mês. Eles reivindicam aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho. O governador também afirmou que a invasão é "inaceitável" e que não "negocia com vândalos".
"Foi uma atitude covarde, com uso de mulheres e crianças, me chocou profundamente. Houve desrespeito à hierarquia dessa instituição tão querida e respeitada que é o Corpo de Bombeiros. Nem vou discutir a irresponsabilidade política que está por trás disso. Já apagaram incêndio com mangueira furada em governos anteriores", afirmou.
Mário Sérgio Duarte, comandante-geral da Polícia Militar do Rio, afirmou que o uso da força não era de interesse do governo durante a ação. "Não nos interessava o uso da força, por isso tivemos uma extensa negociação. [...] Nossa preocupação era muito grande com crianças e mulheres. Aquele grupo dizia que iria reagir de toda forma possível a qualquer ação nossa, então havia um cuidado muito grande. Havia notícia que havia arma de fogo entre eles. A preocupação é de que alguns tivessem armas. Ouvimos alguns disparos na madrugada. Apreendemos um bombeiro com uma pistola. Tinham armas letais. Se essas armas foram levadas, vamos fazer apuração," afirmou.
Invasão
A informação inicial era de que cerca de 600 bombeiros foram presos após invadirem o quartel central, no centro do Rio, foram transferidos - em um forte esquema de segurança - para a Corregedoria da Polícia Militar em São Gonçalo, na região metropolitana no Rio, na manhã deste sábado. No entanto, a PM confirmou posteriormente que são 439 presos. Ao chegarem, novamente eles fizeram uma formação com a palavra SOS, como já haviam feito quando ficaram detidos no pátio do Batalhão de Choque, no centro do Rio.
Os militares foram levados em 14 ônibus, que saíram em comboio do Batalhão de Choque. Antes, os bombeiros presos foram identificados e revistados. Das janelas dos ônibus, eles gritavam palavras de ordem e alguns exibiam a bandeira do Brasil. Na porta do batalhão, cerca de 150 pessoas com as esposas e filhos fazem uma manifestação em favor dos bombeiros presos. Policiais do Batalhão de Cavalaria e do Choque fazem um cordão de isolamento em frente à entrada do Batalhão e o clima é tenso.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, a quem os bombeiros são subordinados, os manifestantes responderão por invasão de órgão público, agressão a oficial e desobediência à conduta militar. O quartel do Corpo de Bombeiros foi ocupado na sexta-feira (4) à noite por cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, alguns acompanhados por familiares - mulheres e crianças - que reivindicam melhores salários. Durante quase cinco horas - das 21h às 2h - o comandante geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, esteve no local negociando com os invasores. Ao longo da madrugada, alguns bombeiros deixaram o quartel.
Policiais militares do Batalhão de Choque invadiram às 6h de hoje o quartel com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação. O comandante do batalhão de choque, Valdir Soares, ficou ferido durante a ação. Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas já foi liberada.
O local foi invadido pelos fundos, por onde foram jogadas as bombas de efeito moral. Pouco depois os policiais do Batalhão de Choque entraram, ultrapassando uma barreira de carros dos bombeiros que haviam sido arrumados nas entradas do local pelos manifestantes para impedir a entrada da PM.
O porta-voz dos bombeiros havia dito que os militares ficariam no local até ter suas reivindicações atendidas. "Já estão dizendo que a polícia vai entrar e dar o primeiro tiro, mas nosso movimento é de paz. Queremos apenas um salário digno", disse o cabo Benevenuto Daciolo mais cedo.
Melhores salários
Há cerca de um mês os bombeiros estão em campanha salarial. Eles reivindicam um aumento de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho. Durante a tarde de sexta os manifestantes haviam se reunido e feito um protesto em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), no centro do Rio.
Ônibus com bombeiros de várias cidades chegaram ao local durante o dia, aumentando o número de manifestantes. Por volta das 18h, o grupo saiu em caminhada pelas ruas do centro, até chegar ao quartel central. Lá, os manifestantes abriram os portões de ferro e entraram, ocupando o pátio interno da instituição.
O comando geral do Corpo de Bombeiros informou na manhã de hoje que a rotina de atendimento à população está mantida. "Postos de salvamentos dos Grupamentos Marítimos, assim como quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (SAMU/GSE) e serviços de socorro (combate a incêndios, salvamentos e desabamentos, etc) estão operando normalmente. Os substitutos dos bombeiros detidos pela Polícia Militar já assumiram seus postos desde o inicio da manhã na troca normal de plantões", diz nota do comando.