quarta-feira, 22 de junho de 2011

Procuradoria investiga privilégio à família de Cabral após acidente

O Ministério Público Federal na Bahia instaurou nesta quarta (22) investigação para apurar quem ordenou e quanto custou o traslado do corpo de Mariana Noleto, namorada de um dos filhos do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), em avião da FAB (Força Aérea Brasileira). Ela foi uma das vítimas do acidente de helicóptero no litoral sul da Bahia, na sexta-feira (17). Sete pessoas morreram. O helicóptero havia saído do Aeroporto de Porto Seguro (687 km de Salvador) e caiu no mar antes de chegar a um resort em Trancoso.
A Procuradoria apura indícios de supostos privilégios indevidos à família de Sérgio Cabral, já que a vítima não tinha função pública e há voos comerciais entre Porto Seguro e o Rio. O corpo de Marina foi encontrado por volta das 23h40 de domingo (19) e levado ao Rio na segunda-feira (20). A Procuradoria pediu ao 5º Comando Aéreo Regional dados sobre o custo da missão e por que ela foi paga com recursos públicos, e não pela família da vítima em um voo comercial.
No final da tarde de hoje, a Procuradoria informou que averiguaria se aviões da FAB foram usados indevidamente para transportar os corpos das outras vítimas do acidente.
Segundo a assessoria do governo do Rio, o corpo de seis das sete pessoas que morreram no acidente foram transportados pelo avião da FAB. Apenas o corpo da babá Norma Batista de Assunção, 49, não foi transportado pela FAB porque foi enterrado na Bahia. Procurada, a FAB informou que não vai comentar o caso e não respondeu a questões formuladas pela Folha sobre as suspeitas levantadas pela Procuradoria. "Até o presente momento nenhuma organização militar do Comando da Aeronáutica foi oficiada sobre o assunto. Assim que o pedido seja oficializado, a FAB prestará as informações ao MPF", diz trecho da nota enviada pela assessoria de imprensa FAB.
Acidente
De acordo com a a Aeronáutica, o helicóptero - modelo Esquilo, prefixo PR-OMO - levantou voo do aeroporto de Porto Seguro por volta das 18h40 de sexta-feira, rumo a um resort no distrito de Trancoso. O voo até o Jacumã Ocean Resort deveria levar dez minutos, mas o helicóptero não chegou ao destino. A última visualização por radar da aeronave ocorreu às 18h57, quando ela estava distante 23 km do aeroporto, em direção ao mar. Segundo a Capitania dos Portos, havia chuva e neblina do momento do voo.
De acordo com registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a licença do piloto Marcelo Almeida estava vencida desde julho de 2005.
Os primeiros corpos e destroços foram encontrados próximos à praia de Ponta da Itapororoca, em Caraíva, distrito de Porto Seguro. As buscas começaram por volta das 19h de sexta, quando a Capitania dos Portos foi alertada do desaparecimento da aeronave.