terça-feira, 23 de abril de 2013

Enfermeira de 25 anos é morta a tiros em Feira de Santana (BA); suspeito é o ex-namorado

A enfermeira Aline Malane Castello Sampaio, de 25 anos, foi morta a tiros na noite desta terça-feira (23) em Feira de Santana (a 107 km de Salvador), e o principal suspeito do crime é o ex-namorado dela, o taxista Márcio Américo de Oliveira Santos, de 26 anos, segundo a polícia. 
Aline trabalhava no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e foi morta com dois tiros no pescoço, por volta das 21h. Testemunhas disseram à polícia que ela estacionou o carro na frente da Farmácia Fórmula, na Avenida Getúlio Vargas, uma das mais movimentadas da cidade, quando um homem entrou no carro e disparou dois tiros no pescoço da vítima. Ela morreu na hora. 
De acordo com o delegado Geovan Franca Passos Junior, da Delegacia de Homicídios de Feira de Santana, nada foi levado da enfermeira e o suspeito está foragido. Familiares e amigos de Aline disseram à polícia que eles mantinham um relacionamento durante seis anos, estavam separado há dois meses e Márcio não aceitava o fim do namoro. O caso será investigado pela Delegacia de Homicídios da cidade
O suspeito foi encontrado morto no dia seguinte ao crime.

Boston, um conto mal contado

Clóvis Rossi

Barack Obama tem toda a razão ao dizer que há muitas perguntas não respondidas no caso de Boston. Algumas:
1 - Um assessor de um experimentado congressista disse ao "Boston Globe" que vários membros do Congresso estão querendo informações sobre a investigação que o próprio FBI confirmou ter feito, em 2011, sobre Tamerlan Tsarnaev, o suspeito morto pela polícia.
"O FBI tinha esse sujeito no radar, mas de alguma forma ele saiu. Ouvimos durante vários dias que não havia informação de inteligência [sobre os autores dos atentados]. Agora, descobrimos que poderia ter havido informações." Se o FBI mantivesse nos arquivos os dados básicos de um cidadão tido como suspeito, não precisaria exibir os vídeos em que aparecem os irmãos Tsarnaev para pedir ajuda à população, o que obviamente alarmou os suspeitos, levando-os às ações em que se envolveram.
Poderia ter havido uma caçada silenciosa e discreta, o que, em tese, pouparia pelo menos uma vida, a do segurança do MIT supostamente morto pelos irmãos em fuga. Talvez ambos pudessem ser presos com vida, o que seria do interesse da investigação, cujo objetivo "nesta conjuntura crítica deveria ser o de recolher informações para proteger a nação de futuros ataques", como disseram os senadores Johan McCain e Lindsay Graham.
2 - Que fuzilaria foi aquela nas imediações da casa em que Dzhokhar se refugiou em um barco?
Se o rapaz estava gravemente ferido, se não reagiu a tiros quando o proprietário do barco levantou a lona para verificar o que estava acontecendo, como é que poderia se envolver em uma troca de tiros cinematográfica com a polícia, como os vizinhos a descreveram? Parece mais uma tentativa de fuzilamento sumário, o que dá margem a duas críticas: primeiro, é de novo contraproducente para a investigação, do que dá prova o fato de que Dzhokhar não está podendo ser devidamente interrogado, por causa dos ferimentos recebidos.
Segundo, fere um princípio civilizatório básico segundo o qual todos são inocentes até prova em contrário, prova que a polícia ainda não produzira, tanto que ele continuava a ser tratado como suspeito.
Afinal, é como escreveu Glenn Greenwald, colunista de direitos civis do "Guardian": "Dezenas se não centenas de detidos em Guantánamo, acusados de serem os piores dos piores, não eram culpados de nada. Evidências apresentadas pela mídia não substituem o devido processo legal e um julgamento com direito a contraditório".
3 - Não é lógico que os irmãos em fuga soltassem o motorista que haviam tomado como refém, após dizerem que eram os responsáveis pelos atentados.
Sabiam que, se liberassem o refém, ele os denunciaria às autoridades, como de fato ocorreu. Se já haviam matado quatro, incluindo o guarda de segurança, não faz sentido que se apiedassem de uma quinta pessoa e a soltassem sem nem mesmo uma coronhada.
Se García Márquez tem razão ao dizer que um bom conto é aquele que parece verdade, o conto de Boston está devendo muito. Texto publicado originalmente em 23 de abril de 2013, no jornal Folha de São Paulo.