sexta-feira, 19 de abril de 2013

Prefeito de Guanambi (BA) cancela festa de São João por causa da seca


O prefeito do município de Guanambi (a 686 km de Salvador), Charles Fernandes (PP) anunciou nesta sexta-feira (19) que foi obrigado a cancelar a festa de São João que aconteceria de 23 a 25 de junho, por causa da seca que atinge a cidade. 

Guanambi está entre as 158 cidades que teve o estado de emergência decretado por causa da estiagem. Segundo o prefeito, a decisão de cancelar o São João foi tomada em acordo com mais de 60% da população, após uma pesquisa realizada pela Prefeitura.

Motorista de ônibus ameaça passageiro com revólver e é preso no RJ

O motorista de ônibus José da Costa Lucas, de 60 anos, da Viação Jabour, que fazia a linha 864 (Campo Grande-Bangu), foi preso na manhã desta sexta-feira (19), na esquina da rua Ferreira Borges com a rua Xavier Marques, no bairro Campo Grande (Zona Oeste do Rio de Janeiro), após ter ameaçado o passageiro Roberto Damasceno, de 31 anos, com um revólver calibre 38, na quinta-feira (18), em Campo Grande.

Segundo a polícia, o passageiro prendeu a mão na catraca do ônibus e reclamou com o motorista. Houve bate-boca. O motorista desceu do ônibus com o revólver e mandou o passageiro descer para "resolver o problema fora do veículo". O rapaz não saiu do ônibus e desceu no ponto seguinte. Na sexta-feira, quando o motorista foi detido, a arma continuava com ele. 

José da Costa foi indiciado por ameaça e porte ilegal de arma. Ele vai responder em liberdade após pagar fiança de R$ 10 mil. O motorista tem passagem pela polícia por ter ameaçado um parente com um revólver, durante uma discussão.

Hipermercado Extra da Av. Vasco da Gama é interditado pela Vigilância Sanitária

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) interditou na tarde desta sexta-feira (19) a unidade do Hipermercado Extra na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. Os fiscais constataram problemas de higiene, má conservação de alimentos, limpeza, excesso de gordura em equipamentos de congelados e na lanchonete. 

A Anvisa verificou ainda que havia áreas infestadas por insetos e funcionários manuseando a comida sem usar luvas ou lavar as mãos, além de refrigeradores desligados, alimentos fora do prazo de validade e outros que não informavam a origem nem a data de fabricação. Foram apreendidos cerca de 70 kg de carne bovina, além de frangos, peixes e vegetais. 

Todos os alimentos eram impróprios para o consumo. O Extra foi multado e fechado. Ele será reaberto após passar por uma nova inspeção da Anvisa, prevista para a próxima semana. Por telefone, a assessoria do Extra disse que "não vai se manifestar sobre o caso".

Vanderlei Luxemburgo é agredido por torcedores após partida no Chile

O treinador do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo, foi agredido por torcedores do Huachipato a caminho do túnel do vestiário, após o fim do empate de 1 a 1 contra o Huachipato, no Chile. O resultado classificou a equipe brasileira e eliminou a chilena. O treinador foi agredido pelo meio-campista Arrue após discutir com o treinador Jorge Pellicer. 
Segundo Luxemburgo, um membro da comissão técnica do Huachipato perguntou se ele não iria reclamar do juiz, como fizera na derrota do Grêmio, na estreia da Libertadores. "Disse que não e saí. Vi que vinham em minha direção e comecei a correr. Fui cercado e escorreguei", disse Luxemburgo. Ele reclamou da ação dos policiais: "Em vez de protegerem, deixaram a coisa acontecer".

Servidor público é preso por abusar sexualmente de cerca de 60 menores em Santo Amaro (BA)

Mais de 15 anos se passaram desde que o servidor público Edvaldo Nascimento dos Santos, de 47 anos, casado e pai de dois filhos, começou a abusar sexualmente de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, no município de Santo Amaro (a 83 km de Salvador). Ele foi preso por policiais da 3ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin-Santo Amaro), por volta das 9h30 desta quinta-feira (18).

Acusado de estupro e de ter abusado de cerca de 60 meninas, a prisão ocorreu após denúncias anônimas, segundo o delegado José Antonio Costa Teixeira Alves, titular da 1ª Delegacia de Santo Amaro. O delegado acredita que os crimes estivessem ocorrendo entre 1998 e 2013. Edvaldo Nascimento trabalhava no Memorial Edith do Prato, em Santo Amaro, e durante oito anos foi funcionário do Creas (Centro de Referência de Assistência Social), onde trabalhou com crianças e adolescentes, no prédio do Conselho Tutelar da cidade. 

De acordo com José Roberto Paim, coordenador do SI (Serviço de Investigações) da 3ª Coorpin, as crianças eram assediadas em ruas da cidade e atraídas com promessas de trabalhar como modelo. As vítimas eram levadas para a casa de Edvaldo, onde eram fotografadas, aliciadas e abusadas sexualmente. Na casa do acusado, foram apreendidos DVDs, fotografias e pen drives com imagens das vítimas, além de objetos de pornografia. 

Segundo o delegado, Edvaldo confessou os crimes e alegou que "fazia isso por satisfação pessoal". O delegado informou ainda que está investigando se a companheira de Edvaldo tinha conhecimento dos crimes, já que as vítimas eram levadas para a casa do casal. 

Edvaldo está preso na carceragem da Delegacia de Santo Amaro, onde foi indiciado por pedofilia e pelo crime de estupro de vulnerável. A lei 12.015, de 07.08.2009 acrescentou ao Código Penal o art. 217-A, que considera estupro de vulnerável qualquer relação sexual ou ato libidinoso com menor de 14 anos incapaz (ou não) de discernir ou de resistir, mesmo com consentimento da vítima ou sem penetração, independente do uso de violência. A pena prevista é de 8 a 15 anos de prisão.


Mulher de 34 anos é estuprada e encontrada morta na Avenida Paralela

A empregada doméstica Giovane de Jesus, de 34 anos, era casada e mãe de dois filhos - um menino de 10 anos e uma menina de 12. Ela saiu do trabalho em Lauro de Freitas (região metropolitana de Salvador) na noite desta quarta-feira (17) e não retornou à sua casa, no Bairro da Paz. No dia seguinte, a família registrou o desaparecimento na 27ª Delegacia (Itinga). 

Testemunhas disseram à polícia que ela desceu em um ponto de ônibus em Mussurunga, por volta das 22h, e foi atacada por um homem armado que a colocou em um carro. Ela foi encontrada morta nesta sexta-feira (19), por volta das 8h, em um matagal na Avenida Paralela. 

O delegado Alex Gabriel Chehade, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), informou que Giovane estava nua e foi morta com múltiplas facadas no peito e no pescoço após ter sido espancada e estuprada. A bolsa com os documentos dela estavam no local.
Por telefone, o delegado informou, na tarde desta sexta-feira, que a patroa de Giovane será ouvida amanhã (20) de manhã na sede do DHPP, na Pituba. O criminoso ainda não foi localizado. O corpo de Giovane foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) Nina Rodrigues e será enterrado amanhã (20) à tarde, no Cemitério Municipal de Brotas. 

Jovens de classe média são presos por tráfico de drogas em Salvador

Seis jovens de classe média, um deles estudantes de direito, um outro advogado e filhos de policiais. Esse é o perfil dos jovens que se envolveram com o crime, acusados de integrar uma quadrilha de tráfico de drogas. Eles foram presos na madrugada desta quinta-feira (18) na Pituba, Costa Azul, Stiep e Imbuí, em Salvador


Foto de Almiro Lopes

Foram presos Estiven Anderson Silva Gonçalves, de 36 anos, estudante de direito e filho de um investigador da Polícia Civil, Igor da Silva Neto, 32, João Carlos Montenegro de Oliveira, 28, Rafael Matos Ramos da Silva, 30, Rafael Motta Cabral, de 31 anos, investigado por outros crimes, Roberto Wallace Carvalho Pinto, de 24 anos, formado em direito e filho de um tenente-coronel da PM, e Luís Arthur Carvalho de Farias, que foi liberado após assinar Termo Circunstanciado por Uso de Drogas. 

O bando foi preso durante a Operação Austin, realizada pelDenarc (Departamento de Narcóticos), DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) e Polícia Militar (PM). Eles vendiam cocaína, maconha e drogas sintéticas em praias, boates e festas nos bairros do Rio Vermelho e Barra, além de anabolizantes que vendiam em academias da cidade. A quadrilha foi apresentada à imprensa na tarde de ontem, na sede do DHPP, na Pituba. 

"A sessão de fotos não vai acabar?", questionaram os acusados, rindo durante a apresentação. Com eles, foram apreendidos 15 kg de maconha prensada, cerca de 600 gramas de cocaína, uma cartela de ácido, mais de 200 comprimidos de ecstasy, 80 frascos de lança-perfume, 40 caixas de anabolizantes, 90 cartelas com comprimidos de Pramil (remédio usado para disfunção erétil, sem registro na Anvisa), uma balança de precisão e R$ 9,3 mil em dinheiro. Além das drogas, foram apreendidas duas espingardas calibres 12 e 32, uma pistola Glock calibre 380 e munições. 

O diretor do DHPP, Jorge Figueiredo, e delegado do Denarc, André Viana, afirmaram que os dois policiais que são pais dos acusados não têm qualquer envolvimento com os crimes dos filhos. O bando foi autuado em flagrante por tráfico de drogas e ficará custodiado na carceragem do Complexo Policial dos Barris, à disposição da Justiça.

"Fui tragado pela violência", diz o cineasta Cristiano Burlan

Eleonora de Lucena 

Ele é filho de pedreiro e empregada doméstica. Teve empregos como ajudante em obras e numa metalúrgica. Foi garçom e barman. Não completou o ensino médio. Queria ser ator e trabalhar com o cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Juntou dinheiro, foi para a Europa, mas teve o sonho frustrado: apenas conseguiu trabalhar em bares e na limpeza de cascos de iates. Desalentado, voltou ao Brasil. Com esse currículo, o gaúcho Cristiano Burlan, de 37 anos, resolveu fazer cinema. Deu certo: seu filme "Mataram Meu Irmão" ganhou o prêmio de melhor documentário brasileiro no festival É Tudo Verdade.
A obra trata da violência na periferia de São Paulo, tendo como pano de fundo a morte do irmão do cineasta. Rafael Burlan foi assassinado em 2001 aos 22 anos. Estava envolvido em uma gangue de tráfico e furtos de carro organizada por um policial no Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo. Pai de dois filhos, era viciado em crack. 
"Se fosse pela história da família, eu poderia estar morto. Ou preso. Não tenho orgulho disso. A pobreza e a violência não são objetos estéticos para mim. Não digo que eu era pobre e o cinema e a literatura me salvaram. Isso é um clichê", diz Burlan. Pergunto por que ele não foi tragado pela violência. O cineasta contesta. "Fui tragado pela violência, pois ela me deixou marcas indeléveis. É um fardo que eu tenho que carregar pela vida. Mas isso não me congela."
Burlan lembra dos amigos e familiares mortos violentamente - a mãe foi assassinada pelo namorado - e dos que estão ou passaram pela prisão. Foi com a mãe que Burlan aprendeu a gostar de ler e de ver filmes. Na primeira vez em que o então garoto entrou numa sala escura, viu Os Trapalhões na Serra Pelada (1982). Depois, ele passou a frequentar a biblioteca pública de Santo Amaro. Ele lia Dostoiévski e Rubem Fonseca. Participou de oficinas de teatro.
Enquanto o pai trabalhava como pedreiro na USP, ele vendia doces nas faculdades. Descobriu as sessões de cinema na ECA (Escola de Comunicações e Artes) e começou a frequentá-las. Viu os clássicos. Lendo a Folha de São Paulo, Burlan soube que uma escola de cinema estava sendo aberta em Curitiba, a AIC (Academia Internacional de Cinema). No dia seguinte, largou o emprego de garçom e pegou um ônibus para o Paraná. 
Sem dinheiro para o curso, ganhou uma bolsa. Com o equipamento da escola, fez seu primeiro curta em 2004. É sobre um homem esperando uma mulher que nunca chega. Depois de estudar por dois anos, virou professor da AIC em São Paulo. 
"Mataram Meu Irmão" levou um ano para ser feito e envolveu dez profissionais. O dinheiro da produção saiu do bolso do cineasta e de amigos. No total foram gastos R$ 10 mil. A premiação no festival deu a Burlan R$ 110 mil, que ele pretende investir na produção de mais filmes e na ajuda aos sobrinhos.
O reencontro emocionado com esses sobrinhos - filhos do irmão assassinado - foi o momento mais tenso na produção do filme. Na cena, Burlan se mostra e chora com os parentes. A família ainda não viu o longa, e ele teme pela reação que terá ao ver as fotos do corpo de Rafael. Nas filmagens, o cineasta chegou a cruzar com o assassino do irmão. Ele, que é traficante na região, carregava armas pesadas. Amanhecia no bairro do Capão Redondo, e o trabalho foi interrompido. O diretor temeu pela segurança da equipe.
Ele fez pequenas incursões na publicidade, mas não foram bem-sucedidas. "Abandonei a última que tentei fazer. Cheguei de ônibus com o meu celular de R$ 70. As pessoas não entendiam como eu não tinha carro e iPhone. Se você não tem essas coisas, se torna uma aberração." Após fazer um filme em homenagem ao pai (Construção, de 2007), Burlan planeja fazer uma obra sobre a mãe. Articula também um projeto multimídia sobre a Coluna Prestes (1925-1927).
Critica a "estética da pobreza", que, segundo ele, "vende para festival internacional". Mas ele não está mergulhado nisso? "Sim, completamente. Mas não me orgulho de ter contato com a violência. Se pudesse escolher, teria tido uma vida diferente." 
Burlan dirigiu os longas de ficção "Corações Desertos" (2006) e "Sinfonia de um Homem Só" (2012) e os documentários "O Homem da Cabine" (2008) e "Cuipiranga" (2010). Texto publicado originalmente em 19 de abril de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Ilustrada.