domingo, 15 de julho de 2012

Goleiro Fábio Noronha é preso após agredir sua mulher grávida de 7 meses em MG

O ex-goleiro do Flamengo e atual do América mineiro, Fábio Noronha, de 36 anos, foi preso na manhã deste sábado (14) em Teófilo Otoni (MG), após agredir sua mulher, Renee Castanho de Araújo Noronha de Oliveira, de 35 anos, grávida de sete meses, na residência do casal.
Fábio Noronha foi detido por volta das 9h30, após a Polícia Militar (PM) ter recebido telefonemas de vizinhos que acusaram o goleiro de ter agredido Renee. Testemunhas contaram à polícia que ouviram os gritos da mulher e pedidos de socorro.
Quando os policiais chegaram na casa, o jogador não permitiu a entrada deles e somente cerca de meia hora depois, Fábio abriu a porta do imóvel. A PM afirmou que encontrou Renee caída na cama, com vários ferimentos e perdendo líquido amniótico. Ela precisou ser socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Fábio resistiu à prisão e tentou lutar com os policiais, informou a PM. Renee não quis prestar queixa contra o jogador. Vizinhos ouvidos pelos policiais disseram que o casal brigava constantemente e eles temiam pela segurança da mulher "porque Fábio é muito forte e violento."
O jogador foi levado para a delegacia, prestou depoimento e foi liberado. O delegado César Cândido Neves Júnior, da Delegacia de Novo Cruzeiro, informou que Fábio foi liberado porque "não havia prova material". "As testemunhas apenas ouviram os gritos, mas não presenciaram a agressão", completou.
O delegado afirmou que outras testemunhas serão ouvidas e Fábio Moura deve ser indiciado mesmo que Renee não preste queixa contra ele. O desacato aos policiais também será apurado, informou.

Prostituta é encontrada morta a facadas em rua de Periperi

Luciana Bispo Moura, uma prostituta de 45 anos, conhecida como Branca, foi encontrada morta em uma calçada da rua Ambrósio Calmon, no bairro de Periperi, na madrugada deste domingo (15), segundo a polícia. A vítima tinha ferimentos de faca no pescoço.
De acordo com a 5ª Delegacia (Periperi), o corpo de Luciana foi encontrado por moradores do bairro, por volta das 3h20. Um vendedor ambulante que não quis se identificar disse que "Branca era uma das prostitutas que trabalhavam aqui na região". Ainda segundo o vendedor, a vítima trabalhava através de anúncios em jornais. O crime será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Por que opção de criança pobre ao trabalho é roubo ou prostituição?

Malu Fontes
Diferentemente do ‘Na moral’, de Bial, anunciado com estardalhaço pela Globo como um programa inteligente e na prática um saco de vento chinfrim, o já consolidado Profissão Repórter, conduzido por uma das unanimidades da casa, Caco Barcelos, embora espremido na grade, pouco ou nada divulgado e sem tempo, sempre consegue em meio a todas as essas agruras, tirar leite de pedra. Duas edições recentes do programas foram aulas de bom jornalismo sobre temas invi-síveis, aqueles que a imprensa pouco dá atenção e o telespectador menos ainda.
Logo após a confissão do assassinato do empresário Marcos Matsunaga pela mulher, Elize, e com o propósito de evidenciar o quanto a cobertura de crimes passionais e de gênero, ou de quaisquer formas de violência doméstica, por parte da imprensa, obedece, sim, sempre, a vieses de gênero e de classe, o Profissão Repórter levou ao ar um programa sobre casos semelhantes e invisíveis na imprensa de homens e mulheres que mataram ou que morreram em circunstâncias de passionalidade semelhante e não mereceram uma linha nos jornais nem um segundo na TV. Ou seja, se os envolvidos são ricos, de classe média, brancos, famosos ou apenas se vivem em grandes centros urbanos e desfrutam de modos de vida privilegiados, a garantia de uma cobertura ampla, irrestrita e que dura dias nos telejornais é certa.
Já se os envolvidos são homens e mulheres pobres que vivem como ratazanas escondidos na pobreza de suas vidas de quinta e habitando favelas aonde as câmeras não chegam ou em zonas rurais do chamado Brasil profundo, a televisão sequer toma conhecimento.
Esquartejamento - O tema desse programa específico era ilustrar quão dessemelhante é a cobertura dos crimes tidos como com grande potencial de midiatização e aqueles envolvendo casais miseráveis, independentemente do que dizia ou diz a legislação após a Lei Maria da Penha. Barcelos e seus pupilos mostravam que, na mesma semana do esquartejamento na mansão suspensa de luxo dos Matsunaga, inúmeras marias e josés pobres de marré deci na periferia de São Paulo também mataram e morreram em circunstâncias passionais.
Mulheres pobres que mataram companheiros ainda mais lenhados mofavam nas delegacias encarceradas sem sequer terem tido ainda a possibilidade de contato com um parente e muito menos com um defensor público, já que advogado para ouvi-las e às suas razões nunca terão.
Castanha quante - Outra edição digna de aplausos foi ao ar na última terça-feira, abordando o drama de milhares de crianças brasileiras que trabalham tro-centas horas por dia para sustentar suas famílias, a si mesmas e sob o aplauso, principalmente da sociedade que as cerca.
Um dos elementos que sempre chama atenção nas abordagens jornalísticas sobre o trabalho de crianças é o bordão repetido por pais que defendem a importância do trabalho de seus filhos e, coincidentemente, também repetido por muita gente boa que vive muito bem e que não sabe o que é colocar seus rebentos para trabalhar descascando castanhas torradas ainda quentes, catando mariscos ou arrastando pesados carrinhos de compras em feiras livres, cenas comuns na infância pobre do Nordeste.
Todos têm um argumento de defesa na ponta da língua: ‘ah, mas é melhor a criança estar trabalhando do que roubando, do que pegando no que é alheio ou se prostituindo’.
Ora, como bem enfatizou o Profissão Repórter da última terça, quem foi que estabeleceu esta lógica perversa segundo a qual toda e qualquer criança pobre só tem essas duas escolhas: o trabalho ou o roubo, no caso dos meninos, ou a prostituição, no caso das meninas? O discurso, incorporado acriticamente pelos pais, para quem colocar os filhos para trabalhar nos primeiros anos de vida é prêmio e proteção, não permite compreender que crianças tratadas com normalidade pelo mundo não precisam trabalhar cedo e nem por isso se tornam ladrões nem prostitutas. Vão para a escola.
Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. Texto publicado originalmente em 15 de julho de 2012, no jornal A Tarde, Caderno 2, p. 05, Salvador/BA.