terça-feira, 5 de maio de 2015

'Matota e Marata: os cavaleiros da fé', de Wladimir Pinheiro

Você pode ler aqui.


Brasil tem epidemia de dengue confirmada pela OMS

Dengue avança e atinge 746 mil casos no Brasil. São Paulo bate recorde de mortes. 

O avanço da dengue já faz com que o país ultrapasse até mesmo os índices de uma epidemia, segundo dados do Ministério da Saúde. De janeiro a 18 de abril, já foram notificados 746 mil casos da doença, um aumento de 234% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 223 mil registros. O estado mais crítico é São Paulo, que bateu o recorde de mortes pela doença: foram 169 óbitos registrados. Até então, o maior número de vítimas da doença havia sido registrado em 2010, quando o Estado teve 141 mortes.
Em termos de incidência, o país atinge 367,8 casos por 100 mil habitantes - o que o coloca em um patamar acima do considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para uma epidemia, quando há 300 casos por 100 mil habitantes.
Mais da metade das notificações fica em São Paulo, que já concentra 402 mil notificações de dengue desde o início do ano. No mesmo período de 2014, eram 84 mil casos.
Além de São Paulo, que já soma 911,9 casos a cada 100 mil habitantes, outros seis estados apresentam índices epidêmicos da doença: Acre, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O novo boletim do Ministério da Saúde mostra que houve avanço no número de mortes. Ao todo, já são 229 óbitos confirmados no país em decorrência da dengue, um aumento de 44,9% em relação a igual período do ano passado, quando houve 158 mortes. Já o número de casos graves passou a 404 registros. Em 2014, eram 270, segundo o governo federal.
Os sintomas da dengue são febre alta, dores de cabeça, dores musculares, náuseas e vômitos. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar sangramentos, queda de pressão arterial e insuficiência respiratória.

Bando explode caixas eletrônicos na loja Le Biscuit da Av. Bonocô

Dez criminosos explodiram na madrugada desta terça-feira (05) dois caixas eletrônicos dentro da loja Le Biscuit na Avenida Bonocô, em Salvador. Eles invadiram a loja pouco antes das 4h da manhã, segundo a polícia. Durante a ação, os criminosos montaram as bombas e explodiram os caixas do Banco do Brasil e do Bradesco. O barulho da explosão chamou a atenção de vigilantes que estavam a poucos metros da loja. Uma viatura do 26ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM-Brotas) esteve no local, mas os criminosos já tinham fugido.

Policial civil é baleado em tentativa de assalto em Pernambués

Um policial civil foi baleado na noite desta segunda-feira (04) após ter reagido a uma tentativa de assalto no bairro Pernambués, em Salvador. O nome da vítima não foi divulgado. O policial foi atingido no ombro e socorrido por uma viatura da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM-Iguatemi) e levado para o HGE (Hospital Geral do Estado). O estado de saúde dele não foi divulgado. 

Desumanização e saqueadores de encostas

Malu Fontes 

Os últimos dias foram marcados por novos capítulos de uma tragédia em série que Salvador já conhece há décadas. Mas conhecer não é acostumar-se nem deixar de se alarmar e comover. Mais uma sucessão de deslizamento de terras. Dessa vez, foram 15 os mortos e, como o período de chuvas ainda não acabou, infelizmente isso não significa garantir que 2015 encerrou sua cota trágica.
A cada chuva, no Inverno ou no Verão, e diante dos alagamentos, repete-se na cidade, feito um mantra já com seu sentido desgastado e puído: Salvador não está preparada para as chuvas. É verdade. Não está, embora já tenha estado muito menos. Diante da repetição dessa frase, uma segunda pergunta deveria se impor: no Brasil, onde historicamente pouquíssimo se investe em saneamento, qual cidade está preparada para chuvas e tempestades?
O trânsito trava, ruas alagam, terras deslizam, a vida inviabiliza-se. Seja em Santa Catarina, Minas Gerais, no Paraná, em São Paulo, na região serrana fluminense e nas vilas ribeirinhas do Rio Acre. Em todos esses lugares e em muitos outros, houve tragédias antigas e recentes que parecem fadadas a repetirem-se.  Diante da temporada de chuvas, que varia uns meses para a frente e outros para trás, dependendo da região brasileira, a população acompanha ano após ano a via-crúcis de milhões de desabrigados, prejuízos econômicos, mortes, fome, sede e comoção. 
O poder público, nas esferas municipal, estadual e federal, sempre pode e deve fazer muito em políticas públicas para reduzir os impactos da chuva, mas não sejamos ingênuos: evitar tragédias completamente? Parece que nossa geração não viverá para isso. Se é que alguma viverá, fenômenos naturais causam tragédias em qualquer lugar do mundo.
Os Estados Unidos, com todo o arsenal econômico e com toda a tecnologia que permite prever a chegada de tormentas, tornados e nevascas, nem assim conseguem evitar que centenas ou milhares de americanos percam a vida ou fiquem gravemente feridos todos os anos por conta desses fenômenos.

Sociedade doente 

Em Salvador, o calcanhar de Aquiles é outro. Praticamente toda a cidade pobre está pendurada em encostas e a maioria das pessoas que vivem nesses lugares fez uma escolha que, sob o ponto de vista delas, é pragmática: não há dinheiro para comprar terrenos planos para construir.
Quando há, estão há anos luz de locais de trabalho, de acesso a transporte e de toda a sorte de serviços, como saúde e educação. O fato é que as vítimas não podem ser responsabilizadas pela própria morte e cabe às autoridades se virar nos trinta para solucionar esse impasse. Se elas ficarem nas encostas, morrerão.
Se forem removidas, as opções são para onde o vento faz a curva e ninguém quer ir. Enquanto essa discussão permanecerá com tons de que vai ter a mesma velocidade que a resposta sobre o sexo dos anjos ou sobre se a primazia é do ovo ou da galinha, algo tão trágico e assombroso quanto a realidade cruel das encostas é a sordidez humana, é a constatação de que pessoas tão desprovidas de tudo quanto aquelas que perderam a vida ou o chão onde construíram a vida não têm sequer o sentimento de compaixão.
Que sociedade doente é essa, que pobreza é esta, que faz com que gente que deve ter filhos, irmãos, pais, mães, que deve acreditar em alguma divindade, desumaniza-se numa hora dessas ao ponto de saquear o pouquíssimo que sobrou da vida de quem teve sua casa condenada numa encosta?
É notícia nos jornais o drama de quem saiu de casa no meio da noite e da chuva para não morrer e agora ainda sofre ao descobrir que os objetos de uma vida inteira foram saqueados. Resta a constatação: o projeto de civilização deu completamente errado por algumas bandas do mundo. Nós somos uma delas e a culpa não é de Brasília. 
Texto publicado originalmente em 05 de maio de 2015, no Jornal Correio da Bahia, página 02.

Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas e professora de jornalismo da Ufba.