terça-feira, 30 de abril de 2013

Nasa divulga imagem de furacão gigante em Saturno


A Nasa divulgou imagens de um gigantesco furacão no polo norte de Saturno. O flagra foi feito pela sonda Cassini, que orbita o planeta, e foram captadas em novembro do ano passado, a cerca de a 420 mil quilômetros de altura. O olho do furacão tinha cerca de 2.000 km de diâmetro, aproxi-madamente 20 vezes o tamanho médio de um na Terra. A velocidade do vento chegou a 531 km/h, segundo a Nasa.

Reuters-Nasa
























O fenômeno foi capturado por meio de ondas infravermelhas. O vermelho mostrado na foto foi adicionado artificialmente para facilitar a visualização. A Cassini chegou a Saturno em 2004, quando era inverno no hemisfério Norte do planeta e estava completamente escuro. Como por lá os anos equivalem a cerca de 29 anos da Terra, levou bastante tempo até que a região estivesse iluminada o suficiente para capturar a imagem.
Segundo especialistas, é possível que o furacão ajude a compreender melhor os que acontecem na Terra. Os dados apresentados pela sonda também revelam que o furacão permanece no polo Norte do planeta, enquanto esses fenômenos meteorológicos na Terra tendem a "se deslocar em direção aos pólos". Texto publicado originalmente em 30 de abril de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Ciência.

Voo da Gol faz pouso de emergência em Salvador


Um Boeing 737 da Gol, com 174 passageiros e seis tripulantes, fez um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Salvador, na tarde desta terça-feira (30). O voo 1866 decolou do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, às 17h37, e seguia para Aracaju, com escala em Salvador. A aeronave apresentou problemas em dois pneus e precisou fazer um pouso de emergência na capital baiana. 
Ninguém ficou ferido. De acordo com a Infraero (estatal que administra os aeroportos brasileiros), o piloto tomou as medidas de emergência necessárias e conseguiu aterrissar com segurança, por volta das 19h25. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou, por meio de sua assessoria, que vai investigar o incidente.

Polícia Civil de Amélia Rodrigues (BA) prende acusados de assaltos na cidade e na BR-324

A Polícia Civil de Amélia Rodrigues (a 84 km de Salvador) prendeu dois homens e apreendeu uma espingarda calibre 32, na manhã desta segunda-feira (29), em uma casa no Bairro 115, em Amélia Rodrigues. Ademilson Jesus dos Santos, conhecido como Miço, de 19 anos, e Jorge Luiz dos Santos, o Jorginho, de 21 anos, são acusados de assaltar lojas, casas e moradores da cidade, além de fazendas na região. 
Eles também são acusados de assaltar motoristas na BR-324, no trecho entre Amélia Rodrigues e Feira de Santana (a 107 km de Salvador). De acordo com o responsável pela investigação, Reinaldo Sacramento, chefe do SI (Serviço de Investigação) da Polícia Civil, os criminosos jogavam pedras na rodovia, forçando a parada dos motoristas. A prisão dos acusados ajudará a esclarecer outros crimes na região, segundo a polícia.  

Fifa confirma propina no caso ISL, e Havelange renuncia ao cargo na entidade

Leandro Colon


O Comitê de Ética da Fifa divulgou nesta terça-feira (30) relatório final do caso ISL apontando que os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange e o paraguaio Nicolás Leoz receberam propinas. O relatório, assinado pelo alemão Hans-Joachim Eckert, uma espécie de juiz do comitê, revela ainda que Havelange renunciou no dia 18 de abril ao cargo de presidente de honra da Fifa. Ou seja, 12 dias antes da divulgação do resultado final da investigação interna.

Com essa decisão antecipada, Havelange escapou de qual-quer recomendação de punição interna contra ele. O docu-mento isenta o atual presidente da entidade, Joseph Blatter, de responsabilidade no caso. Na sua conclusão, divulgada no site da Fifa, Eckert mantém a informação de que os cartolas receberam subornos da empresa de marketing ISL, entre 1992 e 2000, mas argumenta que, na época do episódio, não havia código de conduta dentro da Fifa. 

O primeiro código, explica, é de 2004, depois do escândalo. Por isso, ele diz que qualquer outra recomendação não teria efeito neste momento. Além disso, o juiz do comitê de ética alega que os três envolvidos, Teixeira, Havelange e Leoz, deixaram seus cargos na entidade. "O caso ISL está concluído pelo comitê de ética", informa. Conforme a Folha de São Paulo informou no dia 24, Nicolás Leoz sabia que seria citado neste documento, o que o levou a anunciar na terça-feira passada a renúncia aos cargos de presidente da Conmebol e de membro do comitê executivo da Fifa

A renúncia de Havelange só foi revelada no documento divulgado nesta terça pela entidade que comanda o futebol no mundo. A falida ISL, empresa de marketing esportivo parceira da Fifa nos anos 90, foi investigada pela Justiça suíça por ter pago propina a dirigentes em troca de facilidades na obtenção de contratos. Em julho do ano passado, foi divulgado que os brasileiros João Havelange, então presidente honorário da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-mandatário da CBF, receberam R$ 45 milhões em subornos. Eles nunca comentaram o caso. Teixeira havia renunciado a seus cargos na CBF e na Fifa quatro meses antes. 

A Fifa criou em 2012 um comitê de ética e anunciou a abertura de uma investigação interna sobre o caso. Nomeou o americano Michael J. Garcia como chefe da apuração. Ele entregou seu relatório final ao juiz Hans-Joachim Eckert no dia 18 de março. Ao livrar Blatter, o juiz argumenta que não há elementos mostrando que o atual presidente da Fifa foi responsável ou esteve ligado aos pagamentos feitos aos três outros envolvidos - Teixeira, Havelange e Leoz. Texto publicado originalmente em 30 de abril de 2013, no jornal Folha de São Paulo, caderno Esporte.

Entre estupros e chacinas, o Brasil quer ficar bem na fita


Malu Fontes


A violência do Brasil estampou-se nas manchetes do mundo há poucas semanas, quando uma turista americana entrou em uma van em um dos principais cartões-postais do país, o bairro de Copacabana, acreditando estar em segurança usando o transporte público do Rio de Janeiro. O percurso foi desviado, os demais passageiros foram obrigados a descer e a moça foi estuprada coletivamente por um bando de bárbaros que comandavam o veículo, clandestino. Bastou que, diante do caso, a imprensa internacional lembrasse que este era o país que sediaria a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas para que a polícia do Rio se virasse nos 30 e desse conta de apresentar os criminosos em dois tempos. 
Que a imprensa internacional esbugalhe os olhos diante de fatos dessa natureza, qual a surpresa? A barbárie nas grandes cidades brasileiras assombra aqui e lá fora. Chacinas, gente queimada viva, ondas de explosão de caixas de banco, saidinhas bancárias, sequestros relâmpago e taxas de homicídio que parecem genocídio. Diante da violência de qualquer grande metrópole brasileira, Bagdá e a Faixa de Gaza são dúplex no reino da paz. 
No entanto, o que se torna quase tão inacreditável quanto a perpetração dessa violência em si é a reação de boa parte da população brasileira e de lideranças políticas diante da repercussão internacional. Quem já não leu nos jornais ou ouviu na TV declarações do tipo: “Ah, isso é péssimo para a imagem do Brasil lá fora, na véspera da Copa”. Como? A violência é um horror é para os brasileiros, que, sem estarem em uma guerra, vivem num país onde não podem sair às ruas certos de que voltarão vivos. 
Os subtextos que se escondem sob crimes como o estupro da van são inúmeros e costumam passar em branco em termos de repercussão. A imprensa noticiou, após o episódio da americana, que uma brasileira moradora na periferia do Rio já havia sido estuprada na mesma van, na mesma rota e pelo mesmo bando. Dera queixa e nada foi feito. E a propósito, por que raios é mais importante que a imagem do Brasil fique bem na fita “lá fora” do que garantir a quem vive aqui e sustenta essa bodega o direito de poder sair às ruas sem medo de estupro, assalto e bala perdida? 
O brasileiro espanta-se diante da grisalhice bela de William Bonner ou dos cachos de graúna de Patrícia Poeta noticiando com pesar mais um estupro na Índia. Esquece, no entanto, que os casos no Brasil aumentaram cerca de 170% em cinco anos, de 15.351 para 41.294 (2005-2010), sem contar que boa parte das mulheres não registra o fato por falta de estrutura nos lugares onde vivem ou por trauma e vergonha. Há uma semana uma garota de apenas 14 anos foi estuprada na Praia do Leblon, reduto da classe média alta do Rio de Janeiro. 
O barulho que se fez foi quase nulo se comparado ao episódio da americana. Não é nada, não é nada, mas a menina é moradora do Morro do Vidigal. As questões domésticas podem esperar um poquito más. Tudo fica mais fácil com panos quentes, alguma lentidão e uma dose de descaso. Para que barulho se isso vai estragar, aos olhos dos estrangeiros, a imagem de Brasil cordial onde vive um povo tão feliz e sorridente que, por pouco, a nossa caricatura oficial ainda não se transformou numa bunda sob uma ampla dentadura sorridente? Texto publicado originalmente em 30 de abril de 2013, no jornal Correio da Bahia, pág. 02

Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA.