quinta-feira, 14 de abril de 2011

Estado de graça

Quem já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer. Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece aos que lidam com arte. O estado de graça de que falo não é usado para nada. É como se viesse apenas para que se soubesse que realmente se existe.
Neste estado, além da tranquila felicidade que se irradia de pessoas e coisas, há uma lucidez que só chamo de leve, porque na graça tudo é tão, tão leve. É uma lucidez de quem não advinha mais: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não perguntem o quê, porque só posso responder do mesmo modo infantil: sem esforço, sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se transforma num dom. E se sente que é um dom, porque se está experimentando, numa fonte direta, a dádiva indubitável de existir materialmente.
No estado de graça, vê-se às vezes a profunda beleza, antes inatingível, de outra pessoa. Tudo, aliás, ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor da irradiação quase matemática das coisas e das pessoas. Passa-se a sentir que tudo o que existe - pessoa ou coisa - respira e exala uma espécie de finíssimo resplendor de energia. Na verdade, o mundo é impalpável. Não é nem de longe o que mal imagino deva ser o estado de graça dos santos.
Esse estado jamais conheci e nem sequer consigo advinhá-lo. É apenas o estado de graça de uma pessoa comum que, de súbito, se torna totalmente real, porque é comum e humana e reconhecível.
As descobertas nesse estado são indizíveis e incomunicáveis. É por isso que, em estado de graça, mantenho-me sentada, quieta, silenciosa. É como numa anunciação. Não sendo, porém, precedida pelos anjos que, suponho, antecedem o estado de graça dos santos, é como se o anjo da vida viesse me anunciar o mundo. Depois, lentamente, se sai. Não como se estivesse estado em transe - não há nenhum transe -, sai-se devagar, com um suspiro de quem teve o mundo como este é. Também já é um suspiro de saudade. Pois tendo experimentado ganhar um corpo e uma alma e a terra, quer-se mais e mais. Inútil querer: só vem quando quer e espontaneamente.
Não sei por quê, mas acho que os animais entram com mais frequência na graça de existir do que os humanos. Só que eles não sabem, e os humanos percebem. Os humanos têm obstáculos que não dificultam a vida dos animais, como raciocínio, lógica, compreensão. Enquanto que os animais têm a esplendidez daquilo que é direto e se dirige direto.
Deus sabe o que faz: acho que está certo o estado de graça não nos ser dado frequentemente. Se fosse, talvez passássemos definitivamente para o outro lado da vida, que também é real, mas ninguém nos entenderia jamais. Perderíamos a linguagem em comum. Também é bom que não venha tantas vezes quanto eu queria. Porque eu poderia me habituar à felicidade - esqueci de dizer que em estado de graça se é muito feliz.
Habituar-se à felicidade seria um perigo. Ficaríamos mais egoístas, porque as pessoas felizes o são, menos sensíveis à dor humana, não sentiríamos a necessidade de procurar ajudar os que precisam - tudo por termos na graça a compensação e o resumo da vida.
Clarice Lispector, A descoberta do mundo. Ed. Rocco, 1999.

Operação policial prende delegado de Gandu, policiais e agentes

Em coletiva à imprensa na tarde de hoje (14), na sede da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, no Centro Administrativo (CAB), o delegado-geral adjunto Bernardino Brito Júnior, informou que a operação Gandu/Pojuca, realizada pela Coordenadoria de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil, em parceria com a Polícia Militar, o Ministério Público da Bahia e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), foi deflagrada na manhã de hoje, nos municípios de Gandu (a 290 km de Salvador), Pojuca, Catu e Simões Filho, e desarticulou uma quadrilha investigada há mais de um ano.
Participaram da coletiva o promotor de justiça Paulo Gomes Junior, a coordenadora do Gaeco, Ediene Santos Lousado, e a delegada Ana Carolina Oliveira.
Durante a operação, oito pessoas foram presas. Dentre elas, o delegado titular de Gandu, Madson Santos Barros, preso em sua residência, no Stiep, em Salvador, sob acusação de comandar uma milícia no município. O delegado também é acusado de participar do assassinato de Marcos José dos Santos Barbosa, em 1º de maio de 2009, morto em sua residência, pelo grupo de extermínio liderado, segundo a polícia, por Madson Santos Barros, que nega as acusações.
De acordo com o promotor de justiça Paulo Gomes Junior, o delegado Madson Barros chefiava uma quadrilha que atuava na região metropolitana de Salvador, e contava com a participação do soldado da Polícia Militar, Manoel Santos de Jesus, do ex-carcereiro Milton de Jesus, dos ex-comissários de proteção de menores e agentes de proteção da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Salvador, Edmilson Ferreira Ramalho, Jimi Carlos Jardim, José Sérgio dos Santos de Jesus, João Batista Neto e Paulo César Góis Dias.
Além de homicídio, a quadrilha é acusada da prática de crimes de extorsão e usurpação de função pública - o grupo se passava por policiais para praticar os crimes. O objetivo da operação é cumprir 11 mandados de prisão, busca e apreensão de drogas e armas.
Foram cumpridos oito mandados de prisão, e apreendidos nove pistolas (cinco .380 e quatro .40), uma espingarda calibre 12, quatro algemas, dois coletes balísticos, dois uniformes e um distintivo da Polícia Civil, além de munições de diversos calibres.

Cinema baiano é tema de mostra em São Paulo

Até o dia 1º de maio, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, exibe a mostra Retrospectiva de Cinema Baiano. A programação do festival consiste em clássicos da produção do Estado. Várias cópias foram restauradas pela própria Cinemateca Brasileira. Obras importantes do Cinema Novo, do underground baiano e do movimento superoitista serão exibidas. Confira a programação:
Sexta-feira (15)
1830: Bahia
Cidade Bahia Comunidade do Maciel - Há uma Gota de Sangue em cada Poema Cidade Baixa
21h: O Rei do Cangaço Eu me Lembro
Sábado (16)16h: Boi Aruá
Domingo (17)20h: O Guarani Redenção
Terça-Feira (19)19h: Tocaia no Asfalto
Quarta-Feira (20)18h: Pátio Deus e o Diabo na Terra do Sol Quinta-Feira (21)17h: Bahia de Contrastes A Cidade do Salvador - Capital do Estado da Bahia19h: Bahia de Dona Janaína Vadiação Barravento Sexta-Feira (22)17h: Um Dia na Rampa Bahia de Todos os Santos
19h: O Capeta Carybé Samba Riachão
21h: Vôo Interrompido Meteorango Kid - Herói Intergalático Sábado (23)16h30: Bahia Baixa - Itatiaia A Grande Feira
18h30: A Morte das Velas do Recôncavo O Grito da Terra
20h30: Na Bahia Ninguém Fica em Pé O Mágico e o Delegado Domingo (24)17h: Brabeza O Anjo Negro19h: Voo Interrompido Meteorango Kid - Herói Intergalático
21h: Caveira My Friend Terça-Feira (26)18h: O Rei do Cangaço Eu me Lembro Quarta-Feira (27)18h30: Voo Interrompido Meteorango Kid - Herói Intergalático
20h30: Bahia Cidade Bahia Comunidade do Maciel - Há uma Gota de Sangue em cada Poema Cidade Baixa Quinta-Feira (28)18h30: Bahia Baixa - Itatiaia A Grande Feira20h30: Caveira My Friend Sexta-Feira (29)18h30: Brabeza O Anjo Negro20h30: Cachoeira de Paulo Afonso Diamante Bruto Sábado (30)19h: Bahia de Dona Janaína Vadiação Barravento
21h: Pátio Deus e o Diabo na Terra do Sol Domingo (1º de maio)17h: A Morte das Velas do Recôncavo O Grito da Terra
19h: O Rei do Cangaço Eu me Lembro
Cinemateca - Lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo, SP.
Tel. 0/xx/11/3512-6111.
Ingr.: R$ 8.