quinta-feira, 12 de julho de 2012

Desembargadora e filha suspeita de embriaguez desacatam policiais em blitz da Lei Seca em SP

A desembargadora Yara Ramires da Silva de Castro, de 63 anos, do TRT2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região), em São Paulo, e a filha dela, a advogada Roberta Sanches de Castro, de 39 anos, passavam de carro pela Avenida Paulista, quando foram paradas por policiais numa blitz da Lei Seca, por volta das 23h45 desta quarta-feira (11), e foram encaminhadas para a sede da Corregedoria da Polícia Militar (PM), após se envolverem em uma discussão com os policiais, informou a CPTran (Companhia Tática do Comando de Policiamento de Trânsito).
No veículo Chery QQ vermelho, conduzido por Roberta, estavam a desembargadora e outras duas passageiras, quando os soldados Duarte e Cláudia solicitaram as carteiras de habilitação e de identidade da filha da magistrada. Ao notarem que Roberta estava visivelmente embriagada, os policiais pediram que ela realizasse o teste do bafômetro.
Segundo a PM, após entregar os documentos, a filha da desembargadora se negou e gritou: "Isso é uma palhaçada. Mãe, mostra pra eles quem nós somos". Ainda segundo a PM, a desembargadora desceu do carro, jogou os documentos contra os policiais e tentou deixar o local com a filha, mas os documentos já estavam com os policiais.
De acordo com a PM, Roberta ainda tentou pegar os documentos e agrediu o sargento Edmilson, que estava próximo dos soldados. As duas passageiras que estavam no banco traseiro deram razão aos policiais, afirmou a PM. "Eles estão fazendo o serviço deles, foram educados. Parem vocês com essa palhaçada", disse uma delas. Diante do bate-baca, as duas passageiras pegaram um táxi.
A desembargadora e a sua filha foram encaminhadas para a Corregedoria da PM e de lá seriam levadas para o 78ª Delegacia (Jardins). A PM informou que a desembargadora poderia ser presa porque às 4h desta quinta-feira (11) ela recusava-se a ir para a delegacia. Mãe e filha vão responder por desacato e Roberta também será autuada por embriaguez, já que se recusou a passar pelo bafômetro. Ela será multada em R$ 957,70, mas não será impedida de dirigir até a conclusão do inquérito.

'Na Moral', programa de Pedro Bial invade privacidade de moradores em SP

Vale invadir a privacidade de pessoas para discutir o tema na televisão? Foi isso que o "Na Moral", da Globo, fez. A atração de Pedro Bial exibirá um quadro com imagens das câmeras do elevador do Copan, colosso do centro de São Paulo, com 1.160 apartamentos, projetado por Oscar Niemeyer, nos anos 1950.
O programa teve acesso às gravações destinadas à segurança, mas os moradores não sabiam que as imagens chegariam à TV. "Uma produtora deixou em casa um termo de autorização para eu assinar. Disse que gostaram de mim porque sempre apareço no elevador com bicicleta", afirmou a moradora Aline Cavalcante, de 26 anos. "Pensava que as câmeras no elevador serviam para a segurança, não como atração de TV", falou ela, que não liberou suas imagens.
Afonso Celso, síndico do Copan, autorizou gravações no interior do prédio e cedeu o material das câmeras ao "Na Moral" sem o conhecimento dos moradores. "Encaramos como um teste de segurança", justifica.
Segundo o especialista em direito imobiliário Marcelo Tapai, a conduta do síndico e do programa não foi correta. "As imagens devem ser usadas só para a segurança." A Globo limitou-se a dizer que as gravações no edifício foram permitidas e que todas as imagens usadas foram autorizadas pelos envolvidos. Texto publicado originalmente em 12 de julho de 2012, no jornal Folha de São Paulo, caderno Ilustrada.

Polícia Federal faz maior apreensão de dinheiro falso já ocorrida no Brasil

Divulgação PF
A Polícia Federal (PF) apreendeu na noite de ontem (11), em Curitiba, o equivalente a R$ 682 mil em cédulas falsas. De acordo com a PF, esta é a maior apreensão de dinheiro falso já registrada no Brasil. Um homem de 50 anos e uma mulher de 30, que não tiveram os nomes divulgados, foram presos em flagrante. Eles vinham sendo monitorados há alguns dias e foram presos no bairro Cajuru, quando trocavam notas entre si.
Com o homem, foi encontrada uma quantidade maior de cédulas; com a mulher, uma quantidade que seria distribuída nas imediações do estádio Couto Pereira, local onde ocorria a final da Copa do Brasil, entre Palmeiras e Coritiba. Os dois foram encaminhados para a sede da Superintendência da PF no Paraná, no bairro Santa Cândida.
O dinheiro foi encaminhado ao setor técnico-científico da PF, onde passará por perícia. Em seguida, será encaminhado ao Banco Central, responsável pela destruição de moeda falsa. Na página do banco, na internet, é possível obter informações sobre as novas notas de R$ 50 e de R$ 100, lançadas em dezembro de 2010, e seus itens de segurança. Texto publicado originalmente em 12 de julho de 2012, no jornal Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano.

Chacina em bar deixa quatro pessoas mortas e quatro feridas em Prado (BA)

Quatro pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas em uma chacina dentro de um bar no município de Prado (a 804 km de Salvador), sul da Bahia, na noite desta quarta-feira (11). Segundo a Polícia Militar (PM), dois homens em uma moto pararam em frente ao bar, um deles desceu e disparou vários tiros contra as vítimas, que estavam conversando sentadas no local.
Ainda segundo a PM, a chacina (morte de três ou mais pessoas em um atentado) aconteceu por volta das 21h no bar Razão de Viver, no bairro São Sebastião, quando o criminoso entrou no bar e pediu um refrigerante à dona do estabelecimento, enquanto o outro bandido o aguardava do lado de fora na moto.
A proprietária do bar, que não teve o nome divulgado, contou à polícia que ela foi buscar a bebida, ouviu o barulho dos tiros e se trancou no banheiro. De acordo com a PM, quatro pessoas morreram na hora e outras quatro ficaram feridas.
Três das vítimas - Elias Saúde de Assis, de 43 anos, integrante da banda Máquina do Forró, Luzinaldo Silva, de 38 anos, e Valdinei de Jesus Moreira, de 33 anos - morreram no local, com várias perfurações na cabeça e no abdômen. A quarta vítima, Reginaldo dos Santos Ricardo, de 35 anos, correu e se escondeu em uma casa ao lado bar, mas foi perseguido pelo criminoso que estava na moto e morreu em um quarto da casa. Em seguida, os assassinos fugiram.
Dentro do bar, ainda estavam Benedito Jorge dos Santos, Eliana Ribeiro Santana, Jarbas Miranda da Silva e um policial militar que estava sem o uniforme. Eles foram baleados e socorridos no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas. A assessoria do hospital informou que o estado de saúde deles não é grave. Os corpos das outras quatro vítimas foram encaminhados para o DPT (Departamento de Polícia Técnica) de Teixeira de Freitas.
Policiais da Caema (Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica) perseguiram os criminosos e houve troca de tiros. Um dos assassinos, identificado como Mino, moreu. O outro bandido, ainda não identificado, conseguiu fugir. O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A Polícia Civil de Teixeira de Freitas começou hoje (12) a ouvir depoimentos de familiares e moradores da região, para tentar elucidar a motivação da chacina.

Homem é preso acusado de matar a namorada grávida em Esplanada (BA)

O foragido da polícia Adelson Pereira dos Santos, conhecido como Juliano, que não teve a idade divulgada, foi preso na manhã desta quinta-feira (12), no Conjunto Habitacional Dr. Kleber Carvalho, no bairro Cidade de Deus, no município de Esplanada (a 171 km de Salvador), acusado de matar a tiros de espingarda a namorada Maria do Carmo Santos de Jesus, de 17 anos, que estava grávida de cinco meses e morava com o acusado há um ano.
O crime aconteceu na tarde de ontem (11) na casa da vítima, onde Adelson foi preso. Segundo a polícia, Maria do Carmo foi morta com dois tiros na boca após após Adelson ter visto a namorada na companhia de outro homem. Ela morreu na hora. Ainda segundo a polícia, ele estava foragido desde abril de 2011, após ser acusado da morte de um homem em Esplanada. Na ocasião, ele fugiu para Salvador.
De acordo com a polícia, Adelson confessou o crime e informou onde a espingarda estava escondida. Ele vai responder por homicídio qualificado (sem chance de defesa à vítima) e por aborto, informou a polícia.

Madrugada violenta em Osasco (SP): Após vitória do Palmeiras, oito pessoas morrem baleadas e ao menos cinco ficam feridas

Oito pessoas foram mortas a tiros e ao menos cinco ficaram feridas após serem baleadas durante a madrugada desta quinta-feira (12) em Osasco (a 24 km de São Paulo). As polícias Civil e Militar informaram que por volta das 5h, as vítimas comemoravam o segundo título do Palmeiras na Copa do Brasil nos bairros Jardim Baronesa, Jardim Canaã, Jardim Munhoz Júnior, Jardim Mutinga e Rochedale, quando foram atingidas por disparos feitos por homens em motos e carros.
A polícia investiga se as comemorações têm ligação com as mortes. O número de feridos pode chegar a dez, informou a polícia. Os crimes foram registrados no 10º Distrito Policial de Osasco. Nenhum suspeito foi preso.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Osasco, os mortos são Adriano Barbosa, de 24 anos, Antônio Carlos Junior, de 46 anos, Daniel Pereira Medrado, de 23 anos, Denis dos Santos, de 34 anos, Edilson Silvestre da Silva, de 35 anos, Jailton Rodrigues da Silva, de 29 anos, Marcelo Lúcio Gaspar Longarini, de 41 anos, e Robson Cardoso Godoy, de 22 anos. O nome dos feridos não foi informado.

Dom Eugenio Salles: ótima relação com os jornais antes da morte e depois dela

Hildegard Angel
Muito impressionantes os obituários publicados hoje sobre dom Eugenio Salles. Li, reli e fui conferir de novo o nome do retratado, pois achei que devia haver algum equívoco.
Pensei que se tratasse de algum obituário tardio do saudoso dom Helder Câmara, este sim um santinho, que deixou suas pegadas missionárias, como exemplo de caridade cristã. Ele pregava uma igreja voltada para os pobres, era um exemplo de desprendimento, humildade, absoluta ausência de qualquer tipo de vaidade ou arrogância, um sacerdote de "pés descalços", totalmente solidário aos jovens perseguidos pela ditadura e, por isso mesmo, ele próprio um perseguido e removido, devido às políticas do clero, do Rio de Janeiro, então centro dos acontecimentos nacionais, para Olinda...
Dom Helder foi chamado de "Arcebispo Vermelho", teve seu acesso à mídia vetado pelo AI-5, foi pessoalmente perseguido pelo ditador Médici e, como contraponto a tantas maldades, dom Helder só havia plantado coisas boas: construiu a Cruzada São Sebastião no Jardim de Alah, fundou a Comissão de Justiça e Paz, fundou oBanco da Providência, que multiplicou e até hoje multiplica bondades aos pobres neste estado. Faz pensar que, não fosse por dom Helder, a posição da Igreja Católica no Rio de Janeiro, onde não tem mais a liderança que tinha, estaria bem pior...
Curiosamente, foi justamente durante o "período dom Eugenio" que a Igreja Católica no Rio de Janeiro e, por consequência, no Brasil - já que o Rio, sabemos, era, pois era mesmo, no tempo passado, o tambor de ressonância nacional, formava opinião, dava o exemplo - viu acontecer o início e a precipitação de seu declínio.
Pois não vamos atribuir apenas à competência das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais ou, como querem alguns, à "ingenuidade dos fiéis", a queda da Igreja Católica nesse ranking... "Você é 100% responsável pelo que lhe acontece", disse-me outro dia uma adepta da Mandala olhando-me dentro dos olhos. Estava certa. Somos mesmo. Assim foi com a Igreja Católica no Brasil.
Com dom Eugenio à frente, fechando os olhos às maldades cometidas durante a ditadura, fechando seus ouvidos e os portões do Sumaré aos familiares dos jovens ditos "subversivos", que lá iam levar suas súplicas, como fez com minha mãe, Zuzu Angel (e isso está documentado), e hoje, supreendentemente, os jornais querem nos fazer acreditar que ocorreu justo o contrário!...
Era público e notório e mais do que sabido naquela época que dom Eugenio endossava que fossem chamados de "padres vermelhos" (alcunha que, então, mesclava rejeição e pânico) aqueles religiosos que abrigavam, sob suas batinas poídas, em suas paróquias suburbanas, os jovens que tentavam escapar das torturas e das sentenças de morte sumária.
Mas não é isso que os obituários de hoje contam. Como não contam da mágoa de padres jovens, brilhantes pregadores, que conseguiam lotar as missas de suas paróquias com legiões de fiéis, multidões de católicos, jovens padres que ganhavam visibilidade, convites, apareciam na imprensa, somavam admirações e logo eram removidos por dom Eugenio para paróquias bem distantes, como se fossem ironicamente punidos, em vez de serem premiados, pelo belo trabalho que realizavam para a Igreja Católica. Os bons pregadores eram afastados.
Alguns desses padres, que poderiam ter feito belíssimas carreiras no clero, foram podados na origem. Uns caíram no mais completo esquecimento. Outros entraram em depressão. Soube de alguns que abandonaram a batina. Não era de boa política sobressair-se na "era dom Eugenio Salles".
Duplo castigo: para os padres e para os paroquianos, que assim iam acumulando decepções com sua religião. Outro fator que contribuiu para o declínio católico no Rio nesse período foi a série de proibições tolas, que, em vez de inspirar bondade, em vez de agregar seguidores, só motivaram afastamentos.
Nas cerimônias de casamento, foram proibidas músicas classificadas como "não sacras", e sabe-se lá por quais critérios. Então, por exemplo, uma jovem chamada Luciana não podia mais entrar na igreja ao som da singela cantiga "Luciana", de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, como esteve tão em moda. Caprichos, arbitrariedades, tolices, que só afastavam os católicos de sua igreja.
Batizados só podiam ser coletivos. Padres só eram autorizados a celebrar batizados e casamentos na igreja, não mais em residências, sítios, casas de festas. O que antes era corriqueiro passou a ser proibido. Então, tornou-se usual acontecerem casamentos de católicos oficiados por pastores protestantes. Logo, o oficiante mais procurado era o pastor Jonas Rezende, pai da atriz Lidia Brondi, lembram? Que aliás prega lindamente. A sociedade católica do Rio de Janeiro acostumou-se a escutar as belíssimas preleções do pastor Jonas, seus inspiradíssimos sermões matrimoniais.
Tudo passou a ser difícil na Igreja Católica no Rio de Janeiro. Conseguir marcar uma missa de sétimo dia, só com pistolão. Uma extrema unção em casa, só gente muito bem relacionada. Vários pátios paroquiais laterais às igrejas, onde os fiéis antes confraternizavam, onde aconteciam as quermesses, os bazares, as reuniões pós-missas, antigos centros de convívio, foram entregues à especulação imobiliária. Viraram edifícios, shopping centers.
Antigas igrejas foram passadas nos cobres. Instalaram-se em andares de prédio. Outras se tornaram construções espremidas entre um edifício e outro, como aconteceu com a Nossa Senhora da Paz. Igrejas sem horário pra abrir nem pra fechar, "por questões de segurança". A Igreja Católica, no Rio, sob a égide de dom Eugenio Salles, foi cada vez mais se distanciando dos pobres e se aproximando, cultivando, cortejando as estruturas do poder. Isso não poderia acabar bem. Acabou no menor percentual de católicos no país: 45,8%.
Não há, neste texto, qualquer intenção de ressentimento. Apenas o desejo jornalístico da correção histórica. Dom Eugenio padeceu na terra de um mal de saúde. Os pecados, já pagou por eles. Em seus últimos tempos de vida, a lucidez e a ausência dela alternaram-se. Atenciosos, o arcebispo dom Orani Tempesta, assim como o cardeal-arcebispo anterior, dom Eusébio, mantinham o antigo cardeal do Rio, dom Eugenio, vivendo na residência do Sumaré, com todos os cuidados, a família, a estrutura proporcionada pela Arquidiocese, a que não mais teria direito, por já estar afastado do cargo.
Dom Eugenio teve, em vida, uma grande habilidade: manter ótimas relações com os grandes jornais, para os quais contribuiu regularmente com artigos. Ótimas relações com os jornais, os jornalistas e os donos dos jornais antes da morte. E, como vimos pelo que foi publicado hoje, também após ela. E são os jornais que legam os registros que escrevem a História. Texto publicado originalmente em 10 de julho de 2012, no portal R7